quarta-feira, 6 de junho de 2007

Fuga

Acho que eu tinha meus seis ou sete anos quando minha mãe teve o meu irmãozinho David. Faz um "tempinho" isso, né não? É claro que todas as atenções naqueles dias eram para o pequeno "rebento" que acabava de chegar ao planeta. Mas sabe como é a criança, egoista para chuchú, eu também não era diferente e fiquei muito bravo em ter que repartir mais uma vez, o carinho e atenção da minha mãezinha querida. Nessa época já eramos quatro, dois meninos e duas meninas e aquela chegada ia promoveruma nova divisão naquele carinho todo e de todos. Bom, como todo valente e corajoso garoto aventureiro e desbravador que se prese, eu decidí chamar a atenção dos papais "babões". Planejei minuciosamente uma fuga, juntei uma trouxinha com minhas roupinhas, enfiei tudo numa fronha e amarrei num pau de vassoura empreendendo minha fuga planejada. Era perto de meio-dia e a comida já se fazia cheirar pela casa, mas eu estava determinado e saí pela porta devagarzinho, pelo portão e ganhei a rua. Andei durante longos e imensos 2 minutos até a esquina, sentei na sarjeta e fiquei olhando para minha casa e chorando com aquele famoso soluço de criança, tipo "meu mundo caiu; ninguém me ama ninguém me quer", SACOMÉ! Durante aqueles longos dez minutos, me sentia só e desamparado, abandonado pela própria família e rejeitado pela própria mãe, onde seviu? Derrepente, minha vó apareceu no portão de casa e me gritou para vir almoçar. AH! agora todos veriam minha força de vontade e determinação, não iam conseguir me persuadir de minha planejada fuga ,iam ter que se render à minha vontade indômeta, iam ter que reconhecer meu valor. Por extensos 5 minutos daquele instante do tempo, indivisível enfim decidi; levantei-me altivo e corri para casa, afinal de contas, não podia dispensar aquela comidinha. Meus planos teriam que ficar parauma outra data.
Depois do David, veio a "rapinha do tacho" a Noemí,quando nos tornamos 6 irmãos que nos amamos profundamente. Descobri muitos anos depois, que eu nunca poderia fugir daqueles que Deuspreparara para serem meus queridos até o fim dos meus dias, não poderiafugir do amor que corre igual no mesmo sangue. Só de uma coisa sinto falta daquele episódio, daquela comidinha que minha vó havia preparado pro seu netinho fujão. Bons tempos aqueles, né não?

BY Gerson

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