terça-feira, 28 de junho de 2011

A GRANDE PESCARIA


Meu pai gostava de pescar em suas horas de sossego. Era "pescador de gente" por ofício. Ou seja, ele era pastor protestante, e em tempo integral, ministrava a Palavra de DEUS para as pessoas. Boa parte também do seu tempo, estava envolvido com atendimento pastoral aos fiéis da igreja e mesmo os de fora que o procuravam para aconselhamento, orientação e pedir suas orações.

Essa atividade, além das pregações semanais, nos cultos e reuniões, absorviam a maior parte do seu tempo. Então quando havia uma oportunidade, ele se embrenhava no mato, em alguma beira de rio lá do interior, e se divertia pescando seus peixinhos.

Tal como seu chamado ao ministério da pregação do Evangelho da Graça de DEUS, envolveu a nós, sua família ao mesmo ministério, quando ele ia para o mato pescar, sempre acabava nos envolvendo também. Meu irmão e eu mesmo, na grande maioria das vezes, éramos "chamados" para irmos pescar nas barrancas dos rios lá do nosso sertão, onde moramos por muito tempo.

Meu irmão mais velho tinha uma boa identidade com a pescaria e acompanhava meu pai com mais frequência. Eu tinha muita dificuldade com aquele negócio de botar a minhoca no anzol, lançar a linha lá no meio do rio e ficar horas e horas esperando um peixinho desavisado, morder exatamente a minha isca. Eu achava que não era nada interessante e não tinha nenhuma empolgação com aquele treco, mas como queria agradar meu velho pai, e não ficar com a pecha de molenga, tentava então fazer uma boa figuração naquele cenário desconfortável e cheio de mosquitos borrachudos. Misericórdia, viu!

Lembro-me de que numa dessas "incríveis" pescarias, a gente foi parar em uma fazenda de um povo da igreja. Eles recebiam a visita e a ministração do meu pai de tempos em tempos na comunidade rural. Nos intervalos, adivinhem! Isso mesmo, pescaria.

O pessoal já deixava preparado o pesqueiro para o pastor "pescador". Tinha um deck de madeira que avançava até um certo trecho do rio e ali, sobre aquele estrado, ficávamos horas e horas dando banho em minhocas. Emocionante, não é?

Depois de um certo tempo eu me cansei e fui deitar-me no deck, mais próximo ao barranco, onde a água ficava mansa e mais fresca por causa da sombra. Ali eu me acomodei ao lado de uma tábua quebrada e por entre o vão das ripas, fiquei observando umas bolhas que vinham à tona. Depois de uns momentos, eu peguei um pedaço de linha com anzol, coloquei espetado na ponta um grão de milho, e segurando a linha apenas enrolada na ponta do dedo, mergulhei o anzol naquelas bolhas que vinham de debaixo do deck de madeira em que eu deitara. Dá para imaginar a cena?

Pois acreditem-me, não é história de filho de pescador não, viu? Eu comecei a pegar um peixe chamado Piau, um atrás do outro. As vezes pegava uns Lambaris, e outro maiorzinho que nem sei o nome. Peguei um balde e fui enchendo-o daqueles peixes. Observei que meu pai e os outros pescadores continuavam com seus baldes quase vazios, mas estavam empolgados com a pesca, ou quem sabe com a aula de natação para minhocas que eles estavam dando. Fato é que proseavam mais que pescavam, viu?

Apesar de toda experiência, de toda aquela tralha especial de pesca e de terem "cevado" previamente o pesqueiro, quem estava pegando peixes era eu. Embora não fizesse aquilo com diligência e competência, os peixinhos foram com a minha cara e me deram maior mole, né não?

Foi aquela surpresa no final da tarde quando todos recolheram suas tralhas e baldes e viram o meu balde cheio, quase transbordado de peixes. Aquele dia o pescador fui eu.

Sabe, eu não quis contar isso a toa não. Usei dessa recordação/história para dizer que mesmo que a gente não seja o melhor, o mais inteligente, o mais forte, o mais capacitado, o mais experiente e habilidoso... ainda assim, podemos ser usados de modo eficiente dentro de um propósito maior e do qual nem sequer temos completa compreensão.

"Ora, depois que João foi entregue, veio Jesus para a Galiléia pregando o evangelho de Deus e dizendo: O tempo está cumprido, e é chegado o reino de Deus. Arrependei-vos, e crede no evangelho. E, andando junto do mar da Galiléia, viu a Simão, e a André, irmão de Simão, os quais lançavam a rede ao mar, pois eram pescadores. Disse-lhes Jesus: Vinde após mim, e eu farei que vos torneis pescadores de homens. Então eles, deixando imediatamente as suas redes, o seguiram." (Evangelho de Marcos 1:14-18)

Aqueles homens foram convocados para algo que não tinham conhecimento. Eles não tiveram tempo algum para irem e se prepararem para aquela missão proposta pelo Mestre. Não tiveram tempo de procurarem uma escola para evangelistas, um curso rápido de teologia, muito menos então um seminário. Eles eram homens despreparados, simples, sem cultura doutrinária, mas o SENHOR os chamou para a obra de pescar gente. Ele usou e continua usando as coisas pequenas e loucas deste mundo para confundir os grandes, intelectuais e sábios. ELE poderia usar os seus Anjos para fazerem a obra, mas escolheu a gente para levar sua mensagem de salvação para gente como a gente.

Assim como existe "peixinhos" esfomeados que se lançam a qualquer comida oferecida, há "gente" como fome e sede de DEUS. DEUS tem preparado essa gente esfomeada da Sua presença e as lançado no colo dos pescadores de gente. Independentemente da sua experiência ou até sua incompetência, pois ELE é quem faz a sua própria obra. Só precisamos fazer como aqueles pescadores diante do chamado de Jesus: Segui-lo sem pestanejar.

Dou graças ao meu DEUS porque não sendo o que ELE gostaria que eu fosse a partir do modelo de Seu Filho Jesus, Ele é capaz de usar minha vida sem recurso algum, para que a Sua obra e Reino sejam expandidos também para essa geração do final dos tempos. Glória a DEUS!

E nesse ponto alguém ai poderia se questionar: "Mas por que eu devo falar sobre o arrependimento para a salvação das pessoas?" Sim, se você não se perguntou mas ouviu essa pergunta de outras pessoas, eu lhe digo que Jesus também já a respondeu: "Se estes se calarem, as pedras clamarão!" Assim, se depender de mim, as "pedras" vão continuar mudas, viu? Seja um Pescador de Gente, e boa Pescaria.

Assim como os campos estão prontos para a colheita, estão os rios, lagos e mares "cevados" para a Grande Pesca. Estamos todos convidados. Você vai, não vai, hein?

O SENHOR FAÇA TRANSBORDAR EM GRAÇA O SEU VIVER.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

ENQUANTO NÃO SE PERDER O ENCANTO

Existe de fato um tempo mágico, um período da nossa existência que é puro encantamento. Uma época de muitos sonhos, descobertas, experimentações e sem dúvida alguma, muitas fantasias: A adolescência.

Há também nessa idade, uma falta de sintonia entre gerações que historicamente tem gerado muitos conflitos. Todos nós já passamos por isso de um lado e do outro, não é mesmo? Não é lá muito tranquilo quando se está dentro desse conflito, mas como tudo mais, passa, né?

Quando a gente está do lado efervescente da mocidade, é muito difícil entender os motivos de alguns "Nãos" que os adultos usam conosco, com ou sem argumentos.
Receber algum tipo de Não, não é mesmo bem recebido para quem está pulsante de curiosidade e por descobertas. Dificilmente a gente quando jovem se impressiona pelos motivos dos mais velhos, quando estes nos dizem que é para nos preservar e nos poupar dos perigos do mundo. Papo de véio, né não?

Quando se é tão jovem, queremos ter as nossas próprias experiências. Fazer do nosso jeito, não importando se vai dar certo ou vai dar errado, pois temos energia explodindo dentro da gente, e assim, podemos contornar, pular, ultrapassar, modificar algo que dê errado. Tolices da mocidade.

Existem experiências que foram um fracasso total, e outras que foram muito bem-sucedidas. Ambas estão aí, disponíveis aos montes, para ajudar, para orientar-nos a não cometê-los outra vez. Estão registrados na história da humanidade, dos que vieram antes de nós e que construíram a sociedade que vivemos agora. Somos muito arrogantes quando desprezamos esse conhecimento vasto e rico, e consideramos apenas a nossa vontade, o nosso desejo adolescente.

Facilmente nos esquecemos de que graças aos experientes que fizeram tudo anteriormente nós podemos desfrutar de todos os avanços, conquistas, descobertas, agora no presente.

Eles construíram a partir de outras gerações e assim sucessivamente. Ou seja, nós não criamos nada hoje, apenas podemos melhorar o que já foi criado antes pelos antigos, tal como nossos pais fizeram de si próprios em nós.

Percebemos, entretanto, que a fragilidade das últimas gerações de pais, têm enfraquecido, por conseguinte as novas gerações. Não se conseguiu ensinar sobre os freios morais e limites comportamentais que tornaram as gerações posteriores transgressoras dos parâmetros legais.

Pena, sim, que pena.

Nossos jovens perderam o respeito pela ordem, se riem da hierarquia; não possuem admiração pelos pais e pelos educadores; não aprenderam o temor a DEUS e sequer o medo das consequências disso. Querem viver com liberdade total, e ter autoridade para fazer o que vier na cabeça sem pensar nas responsabilidades que agir assim poderá lhe trazer. Espelham-se em personagens, figuras inventadas pela mídia e desprezam as regras do jogo da vida.

Por outro lado, nós "os antigos" já descobrimos a duras penas que esse jogo é como máquinas de caça-níquel que estão preparadas para perdermos se nelas empregarmos nossas energias e esperanças.

Acredite nisso: Você não tem a menor chance de ganhar do mundo, pois ele está desde sempre preparado para derrotá-lo, viu?

O sábio antigo escreveu em suas reflexões da velhice algo que eu estou tentando dizer aqui sem querer parecer pretensioso com isso.

"Alegra-te, jovem, na tua mocidade, e anime-te o teu coração nos dias da tua mocidade, e anda pelos caminhos do teu coração, e pela vista dos teus olhos; sabe, porém, que por todas estas coisas Deus te trará a juízo. Afasta, pois, do teu coração o desgosto, remove da tua carne o mal; porque a mocidade e a aurora da vida são vaidade."

Aqui há uma recomendação importante para todos nós, jovens de ontem e de hoje. A Liberdade de escolha implicará automaticamente na aceitação das consequências. Portanto, cuidado com as escolhas, tá bom?

"Manda estas coisas e ensina-as. Ninguém despreze a tua mocidade, mas seja um exemplo para os fiéis na palavra, no procedimento, no amor, na fé, na pureza."

Sim, se atendermos a instrução e o ensino, sempre haverá em nós o frescor da mocidade. Enquanto não se perder o encanto.