domingo, 19 de outubro de 2008

CADÁVERES QUE BÓIAM

A vida do homem é uma grande viagem mesmo, né não? A gente recebe tantas informações ao longo dela; acumula montões de hábitos e outros tantos conceitos; somos um pacotão deles. E de tempos em tempos, desse pacotão em que nos tornamos, pulam para fora, coisas que já havíamos esquecido, coisas que pensávamos haver deixado fora do pacotão, pois não mais nos incomodavam a memória. E de repente, somos surpreendidos novamente com lembranças, sensações e sentimentos "encharcados" pelo passar de muitas águas, mas que vêm à tona como um cadáver que bóia e nos assombra.

É difícil muitas vezes, lidarmos com essas coisas quais tínhamos por certo superadas. Medos inexplicáveis ou receios inconfessáveis. Raivas mal contidas, ressentimentos mal tratados que maltratam tanto agora, quanto maltrataram quando ainda eram só "sentimentos". E saltam do pacotão da memória ambulante que somos, e se o permitirmos, são atualizados imediatamente e tornam a nos aprisionar as emoções.

Pessoas no mundo inteiro, sofrem por causa desse movimento cíclico e vicioso. Remoendo passados; fases da vida que fizeram parte de outras etapas do desenvolvimento da sua existência. Mesmo entre aqueles que tendo conhecido a Verdade que liberta a alma dos grilhões, e ainda que lavados pelo sangue dessa Verdade redentora, se confrontam com a cara do velho homem e das velhas inclinações da fase da ignorância.

Dores de amores rejeitados, somatizados na alma dóem como fossem feridas reabertas; anulam a capacidade humana de produzir novos amores sem o evento das dores.,

A grande viagem da vida então se torna uma jornada enfadonha; chata mesmo. Os sabores estão corrompidos ao trato do paladar, como se temperados fossem com o amargo da amargura. O caminho é árduo e as pequenas pedras soltas, aparentam barreiras intransponíveis demais.
A alma está enferma.

Pensamentos negativos e de negação, são insistentes e representam significância. O prazer das coisas simples que antes atraíam o interesse, agora sem importância alguma são. Há um vazio estranho no peito, que novamente se alimenta dele mesmo, e de todas aquelas práticas do homem natural já crucificadas em Cristo. Agiganta-se sobre si novamente, a culpa e o remorso em um pensamento persistente.

Então, ele submete outra vez a sua esperança, nos rudimentos da fé. Se coloca novamente sob o domínio da lei que oprimia sua mente, ante a incapacidade de cumpri-la. Esquece-se da liberdade e da leveza que encontrou na Graça mediante o arrependimento e a confissão; o reconhecimento de sua condição de pecador.

Parecerá estranho aos que não se identificam com essa linguagem. Talvez não haja o entendimento nivelado, para a compreensão desse texto, desta reflexão, mas aos que são os da nova aliança, têm a percepção do que aqui procuro explorar. Sim, e ao que tem ouvidos como eu, ouça como eu tenho ouvido e aprendido:

"E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus".

É assim que está proposto o caminhar higiênico e saudável. Renovando a alma no experimentar diário, das mesmas emoções havidas no despertar do primeiro amor. O Amor de Jesus.

Por que trazer a memória, a lembrança do que te desespera a alma ao ponto de entristecer o espírito? Há coisa melhor para que o caminhar da nossa caminhada, se torne uma experiência instigante ao mesmo tempo, reconfortante. Aproveita que agora que o pacotão se abriu; enterre definitivamente o seu 'cadáver' que bóia em sua mente e coloque em seu pacotão, apenas aquilo que pode lhe trazer esperança. Caminhe agora com os olhos voltados para frente.

Isso! Continue caminhando. Enquanto caminha, perceba os que como você, tem na jornada o próprio sentido de caminhar. Aprendendo nos aclives e declives dessa estrada o verdadeiro significado de estar nela; na estrada.

Digo isso porque tomei consciência oportuna do "meu próprio cadáver que bóiava" e tornava a boiar em minhas memórias. Tomei posse do que li e aprendi, e tendo enterrado o "presunto" nada fresco do passado, sob o solo úmido de sangue do Calvário, posso continuar meu caminho, com minha alma restaurada e meu entendimento renovado.

Psiu! E você meu amigo, e você amiga. Tens algum 'cadáver' para sepultar definitivamente? Hein? Tens não! Olha só. Não me preocupa as tuas certezas, mas me arrepia essa sua dúvida. Então... Não tens "algum" na geladeira? Tens não?

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