quinta-feira, 6 de agosto de 2009

LIÇÃO DE PAI PARA PAI


Quando eu era adolescente e já começava "a me achar" o dono do meu nariz, meu pai me "cortou o barato" e me deu uma das mais valiosas lições da minha vida.

Eu havia aprendido a jogar bilhar com amigos no clube da cidade em que meu pai era pastor. Eu sentia que tinha talento para esse esporte de salão e os amigos incentivavam essa ideia em mim.

Havia muita disputa entre nós e como eu ganhasse de todos da turma, acabaram fazendo apostas para ver quem me tirava da mesa. Aquilo me deixava arrebentando de orgulho e vaidade, porque ninguém conseguia me tirar da mesa. Não havia entre a turma, quem pudesse me vencer no bilhar. Mesmo sendo de estatura baixa, que muitas vezes me obrigasse a literalmente subir na mesa para efetuar uma boa tacada, eu não perdia ali prá ninguém.

Logo, começamos a procurar nos salões de jogos da cidade, adversários adultos afim de desafiar para uma partidinha "inocente." Minha aparência de jovem imberbe facilitava encontrar adversários menos avisados que se sentiam confortáveis para aceitar um desafio. E era uma surpresa ver aquele rapazinho "estrepe" no bilhar, quase subindo na mesa para fazer algumas sequencias de "matadas" e encaçapar várias bolas na mesma série de tacadas.

É claro que imediatamente a essa fase, veio aquela das apostas no "meu taco" e inevitavelmente, o jogo inocente acabou. Mas como eu ganhasse a maioria das apostas, aquilo me atraia para enfrentar cada vez mais desafios maiores e mais difíceis para um adolescente de 15 anos. Algumas aulas então tinham que ser "perdidas" para que eu pudesse ganhar umas tacadas. E assim, eu fui me afastando daquela turminha de adolescentes e perigosamente enveredando para um caminho obscuro daqueles salões de bilhar.

Mas Deus achou um jeito de me "cortar as asinhas" rapidinho, antes que eu fosse encaçapado pelos descaminhos do "feltro verde."

Uma certa tarde em que deveria estar na escola, eu jogava uma partida com alguns "desavisados" em um salão perto da minha casa, quando de repente meu pai apareceu na porta do salão. Me lembro até hoje da sua expressão de decepção em seus olhos severos. Olhou bem dentro dos meus e não disse palavra alguma. Balançou suavemente sua cabeça já toda grisalha aos 45 e virando-se foi embora.

Eu larguei tudo para trás e corri atrás dele. Fui para casa e ele não estava lá, havia ido ao supermercado fazer umas comprinhas e procurara por mim para ir ajuda-lo a carregar as compras.

Eu sai correndo para o supermercado e lá chegando, fui logo ficando ao lado do meu "véio. Todo solícito, procurava empurrar o carrinho e ajudar com aquela cara-de-pau de quem havia aprontado. Meu pai me apresentou para uns amigos. Conversou com seus 'cumpadres' e algumas pessoas da nossa comunidade. Pagou as compras e pediu que fossem entregues em casa. Passou na loja de uns amigos. Comprou pão na padaria a caminho de casa e nada de tocar no assunto do bilhar. Chegamos em casa, colocou as compras de mão na cozinha. E foi lá prá dentro. Havia passado umas 5 horas do momento que ele me surpreendeu no salão, e eu já achava que "tava limpa a minha barra."

Qual o que! Daí a pouco, o meu pai surge do nada e me chamou pro quartinho do sermão para uma conversinha com seu "corrião." (Você sabe o que é um "corrião," hein? Não queira experimentar não, viu!) Meu pai disse antes, com toda calma, que não fizera nada antes porque tinha medo de me machucar por causa da raiva que ele estava, vendo seu filho naquele ambiente e naquelas circunstâncias. Ele me disse naquele dia, que havia esperado a ira passar para que ele pudesse me corrigir e não me agredir. E aqui sou obrigado a fazer um parênteses para confessar que o pior dos castigos com meu pai, não era a conversa com seu "corrião", mas sim o sermão. Aquelas palavras doíam na alma mais que as "correadas no lombo," viu!

Ele disse ainda que fazia aquilo, ou seja, me corrigia porque me amava. E então...o "corrião" comia o couro.

"A estultícia está ligada ao coração da criança, mas a vara da correção a afugentará dela." (Pv. 22:15)

Sabe, Educar significa punir as condutas derivadas de um comportamento errôneo. Eu aprendi ali, mais uma vez, que quem ama cuida e quem Educa diz NÃO! Eu, tanto quanto meus irmãos, fomos corrigidos por amor, durante o percurso, o que nos evitou que a sociedade, tivesse que nos corrigir sem amor.

Vejo que muitos daqueles filhos que não experimentaram o "corrião" dos seus pais, se transformaram em pais sem energia para corrigir os seus próprios filhos. Esperam que a escola e a vida eduque por si só os filhos da sua responsabilidade. Se escondem atrás de psicologias modernas que reprimem a repreensão e a correção, enfraquecendo os pais diante de um mundo transtornado pela má educação e pela deformação do caráter dos nossos jovens.

Pais se desesperam vendo impotentes, o crime e as drogas, a insanidade de uma juventude sem freios morais, sequestrarem seus filhos. Sem disciplina, sem noção de autoridade, compromisso e responsabilidade, os jovens apenas tem na figura do pai, o provedor compulsório de suas vontades.

O DIA DOS PAIS está aí.

Aqueles de verdade, do "corrião e do sermão "que amando seus filhos, corrigem seus passos com amor e com energia. Aos pais como o meu, que me mostrou em tempo, a direção do bem próprio e coletivo. O meu espaço e o do alheio. A respeitar tanto o que é publico e o privado que não me pertencem. A honrar os pais, os idosos, os educadores, as autoridades e as instituições. A Amar meu próximo e a temer a Deus. Sim, a eles minha homenagem nesse dia também. Feliz Dia dos Pais!

"Educa a criança no caminho em que deve andar; e até quando envelhecer não se desviará dele." (Pv. 22:6)

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