sábado, 16 de maio de 2009

CHEGADAS E PARTIDAS


Vez ou outra, nossas vidas são impactadas por algum evento que nos pega de "calças curtas". O imprevisível faz parte constante das nossas horas e não raramente, esbarramos com a surpresa do imprevisto.

Às vezes nesses "esbarrões" ao longo da nossa existência, eles nos provocam dores. São perdas importantes que nos causam dores profundas na alma, e minam um pouco a nossa capacidade de nos mantermos imunes ao sofrimento.

Pessoas que por muito tempo fizeram parte da nossa história e que de repente, não estão mais. Pai e mãe, são os exemplos clássicos de uma perda impossível de se evitar sofrer. Por mais que se tente racionalizar essa perda, o nosso emocional nunca vai lidar muito bem com esse tipo de perda, não é mesmo? Que saudade do meu pai!

Porque dói a ausência. Porque enquanto for saudade, haverá sofrimento. Sofrimento esse que só é amenizado quando a saudade se transforma em lembranças.

Tem perdas que não conseguimos explicar. Talvez porque tentar explicá-las, liberaria mágoas e decepções, das quais não queremos lembrar de maneira alguma. Teríamos que assumir talvez, a maior parcela da culpa pela perda.

São aquelas perdas de amizades de longa data, ou mesmo de pouca data, mas que foram intensamente compartilhadas. Resistiram a tudo e a todos. Sobreviveram as tempestades e as dificuldades impostas pela passagem do tempo. Todavia, não resistiram ao orgulho. Caíram diante das divergências. Tombaram ao não resistirem as aparências. Sucumbiram perante as interferências.

E o que dizer dos amores:

Aquela paixão torrencial dos primeiros olhares e carícias. Aquelas palavras de profundo romantismo que sempre rimavam no final da frase. Aqueles bilhetinhos apaixonados e aquelas cartas 'calientes'. Aqueles compromissos que não resistiram no momento da pobreza, e foram vitimados nos tempos da enfermidade. Lembranças trocadas em alguma aventura qualquer. Ah! Essas dores da inconsequência da paixão!

Perdas de grandes projetos de vida, para a vida toda. Perdas de empregos e empreendimentos; falências. Traumas que dominam as mentes e transtornam as vidas num "piscar de olhos". Deixam os pensamentos vagos e a cabeça vazia, aprisionadas a um sentimento de culpa. Parece que sentimos apenas os efeitos sem descobrirmos as causas. Paralizam as iniciativas e roubam energias vitais para continuar.

Filhos que são "levados" muito cedo dos seios e braços de uma mãe sofrida. Dor que não se apaga, não se acalma com o escorrer de muitas lágrimas. Dor que permanece lá, e de lá não sai.

Jovens que são perdidos, sequestrados pelo crime e que passam a "comer nas mãos" do tráfico. Meninas roubadas da inocência, submetidas a violência da prostituição involuntária.

Tudo enfim é perda de alguma coisa. E mesmo na chegada da alegria, por uma vida que nasce, gera o sentimento da perda anunciada pela própria vida. Assim, parafraseando o poeta:

"Chegar e partir, são apenas dois lados de uma mesma viagem." E aos que perdem, fica a dor da plataforma da estação da vida, ver as pessoas queridas se irem.

Vez ou outra, nossas vidas são impactadas por algum evento que nos pega de "calças curtas". Somos surpreendidos a toda hora por fatos e notícias, que nos retiram a paz. Perdemos a confiança nas pessoas e nas instituições. Perdemos a credibilidade nas informações. Há medos espalhados, como confiscos das nossas economias. Coisa essa que já nos traumatizamos a pouco tempo atrás. Você se lembra, né!

Perdemos a paz ao ouvirmos rumores oficiais, provocados durante as "farras da impunidade", que retiram de muitos, a esperança de um país melhor. Perdemos a fé nas forças políticas e nos homens que se utilizam dessa "força" para oprimirem os de alma tosca.

Perdas e mais perdas. Sejam nas chegadas ou nas partidas...há sempre o sentimento de perda.

Mas o problema, na verdade não está em não perder, porque vamos perder mesmo. O problema está em como receber a perda e como reagir a ela. Sim, porque a perda é consequência de viver, e nem sempre isso se acaba com o morrer.

Agora, nos podemos aprender com as perdas e superarmos as dores por elas causadas.

Para as perdas irrecuperáveis: o recomeço, nem que seja do marco zero. Uma vez que nos é impossível tê-las de volta.

Para as perdas transitórias: porque sofrer por elas, se transitam por aí? A gente sempre poderá "esbarrar" com elas novamente e poderá fazer tudo diferente, né?

Para os projetos e planos que perdemos e frustraram nossas expectativas: Refaçamos, reinventemos, redimensionemos, simplifiquemos, e creiamos que "agora vai!" Vai dar certo, viu!

Para aquelas perdas emocionais: "Levanta, sacode a poeira e dê a volta por cima", das mágoas e ressentimentos, começando por livrar-se da culpa. Uma vez reconhecido, permita-se o arrependimento. Perdoa e peça perdão. Fique em Paz para ser Feliz, tá!

Afinal, "a vida, a felicidade e a paz são caminhos e não destinos".

Um comentário:

Sônia Brandão disse...

Em toda partida vai um pedacinho de nós, mas quem parte também deixa sempre um pedacinho conosco.
As lembranças são estrelas e a memória é uma noite bonita. Mesmo de longe as estrelas nos acariciam.
Um abraço.