Era tudo como se fosse encantado.
A Hora, a Lua, o Brilho de milhões de estrelas, pregadas no pano escuro infinito do Céu de meu DEUS.
De fundo apenas os sons da vida, com seus barulhos, sussurros e outros gemidos.
De fora, poucos assentos ocupados na platéia.
O público se alterando de tempos em tempos.
Uns poucos aplausos, outros sorrisos de vez em quando.
Nunca mais que isso; nunca gargalhadas.
Em muitos trechos, um suspiro acompanhado de uma lágrima, e no mais, alguns esboços de simpatia traduzidos em aplausos.
Corre a vida e os cenários se sucedem rápidos demais.
A hora boa é curta e a dolorosa extensa demais.
A Lua se deita e cede lugar ao Sol e as estrelas se apagam diante da luminosidade soberana do astro rei.
Os dias substituem as noites e a claridade a escuridão, mas as sombras não vão embora; não passam não.
O Palco da vida é agora diferente. Os atores em cena são todos outros mas o protagonista, ainda atua sem o perceber e sem provocar maiores atenções.
Nem tudo o que não se pode ser visto, também não se pode ser tocado.
As cortinas estão fechadas de dentro e expõem o que não se pode esconder da vida. É um ato de um solista.
É quase um monólogo sem palavras.
É como um grito no deserto, prá ninguém, mesmo quando endereçado a alguém.
Ah! Mas não foi sempre assim. Não foi não!
Era tudo como se fosse encantado.
Como se os coadjuvantes brilhassem com o mesmo brilho do protagonista e vice-versa.
Mas então, o que foi feito do palco?
Onde estão todos os atores?
Por qual saída saiu toda a platéia?
Onde foi parar todo mundo, hein?
A mágica da existência havia trocado rápido, o roteiro, o cartaz, o palco, o elenco e o público.
Somente o artista, absolutamente absorto em sua obscuridade, não percebeu que o encantamento se transformou.
O envelhecer não produziu-lhe qualquer bônus, e a restrição do seu palco, apenas acrescentou-lhe grande ônus.
Mas é preciso continuar.
Necessário continuar porque o espetáculo da vida, seja qual for, não pode parar.
Ele não pára - não pára não!
O Silêncio é o Eco que lhe responde a ausência da encenação; e a solidão do artista é lembrança consumida, em outras atenções.
Mas o espetáculo de nascer, crescer, viver, envelhecer e morrer, não pára. Ele não pára - não pára não!
Enquanto o velho cômico deixa o tablado com as cortinas se lhe fechando às costas, em outro palco, ou "picadeiro", quem sabe, está nascendo um novo palhaço; um outro artista; uma nova esperança.
Sim, porque o que é a vida senão um entrar e sair de cena, não é mesmo!
Um subir e descer de um tablado, onde o "espetáculo" não pára; não pára não!
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