Então está você aí, de bobeira, hein?
Esperando aquela hora certa para começar seus primeiros movimentos do dia; do dia-a-dia.
Está se lembrando daquelas cartas que tem que postar no correio lá da avenida principal?
Também não pode esquecer de passar urgente no banco para falar com o gerente; ele já telefonou umas quatro vezes na última semana. "Deve ser sobre a aprovação ou não do meu pedido de crédito imobiliário. Será que deu 'pé'?"
Ah! Aproveitando que vai ter mesmo que ir ao centro, e pagar a terceira parcela do guarda-roupas novo. "Puxa! Tá meio atrasado! É...é ruim ter que pagar as prestações na loja. Um "saco", viu!"
Depois disso, imaginando ainda: "não posso esquecer de renovar o aluguel do DVD na locadora. Nem consegui assistir o filme outra vez".
"Caramba! Hoje é aniversário de noivado. Tenho que comprar a orquídea amarela e os bombons da Copenhagen, senão...já viu, né! 'Melou' o 'jantarzinho'".
"Bom. 'Bóra lá'! Começar a me mexer que o 'tempo ruge e a sapucaí é grande'!"
...
Banho tomado;
Beca nova "nos trinques";
Perfume...Opa! Beleza.
Sol de verão rachando. Uns 35 graus no mínimo. Loucura!
O céu azul profundo manchado de branco por pequenas nuvens. Parecem pedaços de algodão doce.
...
O jovem cheio de sonhos e muitos projetos, sobe naquele ônibus lotado. Embarca em direção ao centro da cidade. Viajando em pé, segurando o suporte no teto enquanto seus pensamentos viajam para perto de sua amada noiva. Ali, distraído, observa a cidade passar às vezes rapidamente, outras lentamente, pelas janelas basculantes do circular.
O vento morno que sopra lá de fora, entra rápido pelo interior do ônibus e trás os odores das pessoas que lotam o coletivo. Muitas coisas afloram a mente do jovem. Um sorriso tímido, faz levantar levemente o canto da boca, ao recordar os primeiros instantes do seu namoro: "Parece que foi ontem!"
...
A medida que o trajeto se aproxima do ponto final, o lotação vai ficando vazio. A maioria dos passageiros já "saltou", e poucos são agora os que permanecem a viagem, todos sentados. Há alguns bancos vazios.
...
O jovem relembra todas as coisas que o levaram a ir até a cidade. Planeja a sequencia de seus compromissos mentalmente. Recorda que o guarda-roupas fora escolha da noiva e novamente sorri com o canto dos lábios. "Vai ficar certinho no canto do nosso apartamento", pensa ele. Combina com a cama de casal que ela escolhera também.
O ônibus freia bruscamente para não colidir com outro coletivo que está à frente. "O que será que houve?" Pergunta-se curioso o jovem, tentando esticar a vista para fora. O trânsito está meio confuso. Pessoas correm nervosas de um lado para o outro. Parece existir algum tumulto à frente. As pessoas, olham pelas janelas dos prédios em frente. Mais correria.
Ouve-se sons de sirenes e movimentação de policiais. Viaturas interrompem o trânsito, passando por cima dos canteiros e subindo as calçadas. Gritos. Parecem agora tiros. "Será algum assalto?" O jovem no ônibus, se levanta por um pouco e olha pela janela. Diante dele está uma cena de violência urbana. Na frente do "seu banco", policiais trocam tiros com assaltantes que atiram de dentro do banco, em direção a rua. A polícia revida com extrema energia, protegida pelos equipamentos urbanos e carros estacionados à frente do banco.
Um som de marimbondo zumbindo corta o ar, seguido de um estampido seco e alto de uma arma disparada. Um projétil viaja em espantosa velocidade, atravessando a janela do ônibus.
...
Um filete de vida escorre vermelho pelo assoalho de um lotação vazio. Juntamente com ele se esvai os sonhos e projetos, rapidamente se transformam em uma poça que logo transborda e rola pelas escadas e gotejam ainda quentes, no asfalto derretido junto à calçada.
Sabe, existe um dito popular que toscamente diz: "Para morrer, basta estar vivo". Você concorda?
Sabe, é um cenário mais comum do que a gente imagina. É apenas um dos milhares de cenários em que tanto os sonhos, quanto os projetos de uma vida, são interrompidos, assim...do nada!
Ninguém na verdade está imune à morte. Ela é absolutamente democrática, ou se preferir: Ela é democraticamente "absoluta". É para todos.
O surpreendente entretanto, é que ela não respeita os nossos sonhos e projetos. Ela não age pelo nosso relógio, pelo nosso tempo. Ela não espera; não aguarda para que realizemos cada um dos sonhos e projetos.
Ela é assim: Em um instante você está; no instante seguinte, você não está mais.
Como 'bons' brasileiros que somos, deixamos tantas coisas para depois, não é mesmo?
"Empurramos com a barriga", coisas que poderíamos ter feito agora, hoje, já!
Postergamos compromissos, e sentimentos escondemos.
Revelamos pouco de nos mesmos aos que nos querem conhecer e dizemos muito menos do que as pessoas à nossa volta, carecem ouvir.
Represamos o favor que nossas mãos podem dedicar a alguém necessitado.
Ocultamos nossas emoções para confundir as pessoas que nos estimam, para não demonstrarmos fraqueza.
Omitimos elogios esperados e aguardamos lisonjas imerecidas.
Dizemos metades, ao invés de falarmos o inteiro.
Consumimos meias verdades em detrimento da verdade completa.
Mentimos para sobreviver, e não poucos sobrevivem das mentiras.
Deixamos de estimular nossos amigos, parentes, queridos, com palavras motivadoras e expressões de carinho necessárias.
Reprimimos doçuras e distribuímos amarguras.
Mas a estória que conto para ilustrar o meu texto, é uma alegoria sobre o desperdício do tempo que vivemos agora. Sim, é sobre o "já". O Ontem não importa mais e o amanhã não pertence a você. Então, só nos resta o agora.
"Não deixe para amanhã, o que você pode e deve fazer hoje."
Não haverá tempo para arrepender-se depois. Poderá não dar tempo de pedir perdão, daqui a pouco. E se você não disser agora: Te amo. Terás tempo de dize-lo amanhã?
Tem certeza disso?
Por via das dúvidas.
Quero dizer-te agora: Me perdoa! Eu te amo, viu?
Nem precisa me devolver mais o "NERUDA que você me tomou, e nunca leu", tá bom?
Ufa! Agora posso dormir tranquilo, pois se o amanhã não chegar para mim, terei dito e feito o que precisava ser feito e dito hoje. E você, não tem nada prá me dizer, hein?
Esperando aquela hora certa para começar seus primeiros movimentos do dia; do dia-a-dia.
Está se lembrando daquelas cartas que tem que postar no correio lá da avenida principal?
Também não pode esquecer de passar urgente no banco para falar com o gerente; ele já telefonou umas quatro vezes na última semana. "Deve ser sobre a aprovação ou não do meu pedido de crédito imobiliário. Será que deu 'pé'?"
Ah! Aproveitando que vai ter mesmo que ir ao centro, e pagar a terceira parcela do guarda-roupas novo. "Puxa! Tá meio atrasado! É...é ruim ter que pagar as prestações na loja. Um "saco", viu!"
Depois disso, imaginando ainda: "não posso esquecer de renovar o aluguel do DVD na locadora. Nem consegui assistir o filme outra vez".
"Caramba! Hoje é aniversário de noivado. Tenho que comprar a orquídea amarela e os bombons da Copenhagen, senão...já viu, né! 'Melou' o 'jantarzinho'".
"Bom. 'Bóra lá'! Começar a me mexer que o 'tempo ruge e a sapucaí é grande'!"
...
Banho tomado;
Beca nova "nos trinques";
Perfume...Opa! Beleza.
Sol de verão rachando. Uns 35 graus no mínimo. Loucura!
O céu azul profundo manchado de branco por pequenas nuvens. Parecem pedaços de algodão doce.
...
O jovem cheio de sonhos e muitos projetos, sobe naquele ônibus lotado. Embarca em direção ao centro da cidade. Viajando em pé, segurando o suporte no teto enquanto seus pensamentos viajam para perto de sua amada noiva. Ali, distraído, observa a cidade passar às vezes rapidamente, outras lentamente, pelas janelas basculantes do circular.
O vento morno que sopra lá de fora, entra rápido pelo interior do ônibus e trás os odores das pessoas que lotam o coletivo. Muitas coisas afloram a mente do jovem. Um sorriso tímido, faz levantar levemente o canto da boca, ao recordar os primeiros instantes do seu namoro: "Parece que foi ontem!"
...
A medida que o trajeto se aproxima do ponto final, o lotação vai ficando vazio. A maioria dos passageiros já "saltou", e poucos são agora os que permanecem a viagem, todos sentados. Há alguns bancos vazios.
...
O jovem relembra todas as coisas que o levaram a ir até a cidade. Planeja a sequencia de seus compromissos mentalmente. Recorda que o guarda-roupas fora escolha da noiva e novamente sorri com o canto dos lábios. "Vai ficar certinho no canto do nosso apartamento", pensa ele. Combina com a cama de casal que ela escolhera também.
O ônibus freia bruscamente para não colidir com outro coletivo que está à frente. "O que será que houve?" Pergunta-se curioso o jovem, tentando esticar a vista para fora. O trânsito está meio confuso. Pessoas correm nervosas de um lado para o outro. Parece existir algum tumulto à frente. As pessoas, olham pelas janelas dos prédios em frente. Mais correria.
Ouve-se sons de sirenes e movimentação de policiais. Viaturas interrompem o trânsito, passando por cima dos canteiros e subindo as calçadas. Gritos. Parecem agora tiros. "Será algum assalto?" O jovem no ônibus, se levanta por um pouco e olha pela janela. Diante dele está uma cena de violência urbana. Na frente do "seu banco", policiais trocam tiros com assaltantes que atiram de dentro do banco, em direção a rua. A polícia revida com extrema energia, protegida pelos equipamentos urbanos e carros estacionados à frente do banco.
Um som de marimbondo zumbindo corta o ar, seguido de um estampido seco e alto de uma arma disparada. Um projétil viaja em espantosa velocidade, atravessando a janela do ônibus.
...
Um filete de vida escorre vermelho pelo assoalho de um lotação vazio. Juntamente com ele se esvai os sonhos e projetos, rapidamente se transformam em uma poça que logo transborda e rola pelas escadas e gotejam ainda quentes, no asfalto derretido junto à calçada.
Sabe, existe um dito popular que toscamente diz: "Para morrer, basta estar vivo". Você concorda?
Sabe, é um cenário mais comum do que a gente imagina. É apenas um dos milhares de cenários em que tanto os sonhos, quanto os projetos de uma vida, são interrompidos, assim...do nada!
Ninguém na verdade está imune à morte. Ela é absolutamente democrática, ou se preferir: Ela é democraticamente "absoluta". É para todos.
O surpreendente entretanto, é que ela não respeita os nossos sonhos e projetos. Ela não age pelo nosso relógio, pelo nosso tempo. Ela não espera; não aguarda para que realizemos cada um dos sonhos e projetos.
Ela é assim: Em um instante você está; no instante seguinte, você não está mais.
Como 'bons' brasileiros que somos, deixamos tantas coisas para depois, não é mesmo?
"Empurramos com a barriga", coisas que poderíamos ter feito agora, hoje, já!
Postergamos compromissos, e sentimentos escondemos.
Revelamos pouco de nos mesmos aos que nos querem conhecer e dizemos muito menos do que as pessoas à nossa volta, carecem ouvir.
Represamos o favor que nossas mãos podem dedicar a alguém necessitado.
Ocultamos nossas emoções para confundir as pessoas que nos estimam, para não demonstrarmos fraqueza.
Omitimos elogios esperados e aguardamos lisonjas imerecidas.
Dizemos metades, ao invés de falarmos o inteiro.
Consumimos meias verdades em detrimento da verdade completa.
Mentimos para sobreviver, e não poucos sobrevivem das mentiras.
Deixamos de estimular nossos amigos, parentes, queridos, com palavras motivadoras e expressões de carinho necessárias.
Reprimimos doçuras e distribuímos amarguras.
Mas a estória que conto para ilustrar o meu texto, é uma alegoria sobre o desperdício do tempo que vivemos agora. Sim, é sobre o "já". O Ontem não importa mais e o amanhã não pertence a você. Então, só nos resta o agora.
"Não deixe para amanhã, o que você pode e deve fazer hoje."
Não haverá tempo para arrepender-se depois. Poderá não dar tempo de pedir perdão, daqui a pouco. E se você não disser agora: Te amo. Terás tempo de dize-lo amanhã?
Tem certeza disso?
Por via das dúvidas.
Quero dizer-te agora: Me perdoa! Eu te amo, viu?
Nem precisa me devolver mais o "NERUDA que você me tomou, e nunca leu", tá bom?
Ufa! Agora posso dormir tranquilo, pois se o amanhã não chegar para mim, terei dito e feito o que precisava ser feito e dito hoje. E você, não tem nada prá me dizer, hein?
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