quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

OLHOS NOS OLHOS


Enquanto isso...
Em algum lugar que não se pode perceber.
O coração imagina ser possível chegar.
Enquanto os olhos que não enxergam, pois apenas sonham, recebem a pequena luz sobre as pálpebras, o sentimento já tomou de assalto o peito e a luminosidade dos desejos atravessou as membranas da alma.
O vento assopra a pele e alivia o ardor do rosto enrubescido.
A cor rubra na face, delata a emoção que já quase foge, salta aos olhos.
Denunciado pelo ruborizar do rosto e pelo tremor das mãos suadas, o que era latente vaza pelos poros agora.
Será que escapa pelos olhos, o medo guardado entre os gestos de disfarce?
Será que o temor não mais pode ser retido; contido entre as quatro paredes da alma?
Será que o que se revela assim como impulso, encontrará eco no silêncio da outra voz?
Será?
Assim Posso dizer:
Enquanto as dúvidas persistem em fragilizar a mente.
O coração que dispara, convence a timidez a dizer o que não queria ser dito.
A surpresa é mútua.
O rubor na face contagia a ambos, e os temores resvalam para fora.
Não estão mais fechados os olhos; e as pálpebras abertas, contemplam ainda, como se sonhando estivesse, aqueles olhos brilhantes e surpresos, tanto quanto os meus.
Olhos nos olhos.
Corpos postos frente à frente.
O Silêncio se transforma na linguagem da perplexidade mútua, pela revelação do que não cabia mais no secreto do coração.
As palavras são tremulas e ao toque leve dos dedos são interrompidas.
Um novo tremor.
Um ligeiro arrepio acontece espontâneo.
As bocas se calam e se aproximam, como atraídas por inexplicáveis sensações de ternura.
Será ternura?
Admito agora ter sido um desejo improvável, mas compreensível e legítimo.
Olhos nos olhos e um sorriso de promessas, são interrompidos pelo colar dos lábios.
Ali. Naquele mesmo instante, foram selados os destinos, e as veredas impares se converteram em um só caminho.
Nem me parece agora que tanto tempo já se passou.
A lembrança e a imagem parecem impressas na retina, e a pequena luz que incide sobre minhas pálpebras trazem à mente, a memória guardada no meu peito, da tua pele enrubescida daquela manhã.
Mesmo tendo o tempo escapado.
Mesmo as percepções alteradas pelo passar das muitas águas.
Mesmo tendo havido dores e transtornos que fustigaram nossas almas.
Mesmo que não possamos nos encarar olhos nos olhos.
Ainda assim valeu a pena.
Assim posso dizer:
Mesmo assim vale a pena apaixonar-se uma vez na vida.
E vale para mim, tanto quanto vale para você.
E vale para você, o mesmo que vale para quem como nós, transforma o medo em desafio, e as diferenças em oportunidades para transpor limites e projetar esperanças.
Enquanto isso...
Há corações cheios de temores.
Há temores rondando corações.
Porque não há certezas. Não há!
É necessário coragem. É preciso se lançar com a convicção da fé, sem ter os receios que nem mesmo os olhos nos olhos podem garantir.
É preciso acreditar e tentar, para que se houver arrependimento, seja pelo atrevimento de tentar, e nunca pelo de jamais ter tentado correr os riscos do amor.
Há beleza no sonhar!
Sim há! Mas há muito mais prazer em realizar o que sonhamos, viu?
Então...
Permita que a luminosidade da vida invada a penumbra das tuas pálpebras fechadas para a vida.
Abra tuas defesas e encare tuas emoções, frente à frente, Olhos nos olhos.
Mas saiba que só o Amor resiste a tudo.
Ele somente não resiste à falta de Amor, viu?
Portanto digo:
Apaixone-se pela vida.
Ame-se como espera que o teu próximo te ame, tal qual o amor que se deve ter por si mesmo.
Mas ame em primeiro lugar a DEUS, de quem o amor jamais nos poderá faltar. Jamais! Porque DEUS é o Amor!

Um comentário:

Wania disse...

Que lindo Gerson. Alem de tudo eis um poeta. Nem sempre eu comento, mais estou sempre lendo porque sou sua fa, ate coloquei no meu blog para acompanhar, entao la sempre me avisa quand voce escreve algo novo.Um abracao e Deus abencoe voce e a amada mais e mais.