"E outra vez vos digo que é mais fácil um camelo
passar pelo fundo duma agulha, do que entrar um rico no reino de Deus."
(Mt. 19:24)
Esta expressão usada por Jesus tem sido frequentemente
utilizada para apoiar uma tese perversa de que Rico não entra no Céu. Imagina
só uma pessoa leiga, uma criança por exemplo: ouve isto em algum sermão na sua
igreja e fica tenso com esta limitação. Ela provavelmente tenha grandes sonhos,
grandes projetos para a sua vida funcional. Ela, a criança, cresce acreditando
que ser rico é pecado e que vai para o inferno se ganhar dinheiro honestamente
como resultado da sua inteligência e esforço próprios. Esta crença preenche sua
mente piedosa e na vida adulta, tende a se auto-sabotar, impedindo-o a progredir, prosperar
economicamente e se realizar profissionalmente. Afinal de contas, na sua mente traumatizada,
assemelhar a entrada de um rico no Céu, com a passagem de um camelo pelo buraco
de uma agulha é impossível. Logo, ser rico e acumular riqueza proveniente do
seu esforço, é pecado e o levará ao inferno.
Todavia, JESUS nunca fez apologia a pobreza ou se
utilizou desta frase, expressão com o significado de dizer que é impossível ao
rico entrar no Céu de forma final e condenatória.
A expressão ilustra apenas a enorme dificuldade que é
para uma pessoa rica, apegada as suas riquezas materiais, abrir mão do fascínio
que a opulência proporcionada pelo dinheiro lhe gera na alma. Isto é o amor ao
dinheiro, as riquezas da terra, a idolatria da fortuna.
Na verdade, JESUS ilustra com estas figuras que tinham
significado concreto para os Judeus. A cidade de Jerusalém era protegida por
grandes muralhas, de onde se abriam enormes portões. Estes portões permaneciam
abertos durante o dia, em tempos de paz, e fechados às 6 da tarde. Por eles
entravam caravanas com seus camelos carregados de mercadorias diversas e em
caso de chegarem após os portões fechados, havia um acesso alternativo para a
entrada dos camelos. Uma portinhola no fundo das muralhas, onde os camelos
poderiam entrar, um a um, percorrendo um pequeno trecho de joelhos e sem carga
nas costas. Este acesso era chamado de "agulha" face ser uma abertura
minimamente suficiente para o camelo entrar nas condições já ditas.
O conceito que JESUS parece querer evidenciar aqui, é que
apesar de ser exíguo, apertado, estreito o caminho para entrar na Cidade Santa,
Jerusalém, era possível obedecendo ao comportamento, a atitude do camelo: humildemente de joelhos e sem levar nada de fora
para dentro.
O problema não está na riqueza, mas no amor a ela que
torna o homem rico, um idólatra, um prisioneiro, escravo do dinheiro. Todavia,
junto com tais idolatras, não entrará muitos pobres soberbos, gente arrogante
no Reino dos Céus.
"Eu sou a porta; se alguém entrar por mim, será
salvo; entrará e sairá, e achará pastagens. O ladrão não vem senão para roubar,
matar e destruir; eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância."
(João 10:9 - 10)
"Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta,
e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por
ela; e porque estreita é a porta, e
apertado o caminho que conduz à vida, e poucos são os que a encontram."
(Mateus 7:13 - 14)
A "PORTA PARA A VIDA ETERNA" permanece aberta
para todos aqueles que recebem com alegria o convite para entrar por ELE. Ela
no entanto, se fechará sem prévio aviso e quem estiver do lado de fora, não
terá segunda chance, não terá um caminho alternativo para entrar, nenhuma
"agulha". Somente se lhe
restará ao cair da noite, trevas e ranger de dentes, dor e sofrimentos para
sempre.
Mas você que tem sido convidado insistentemente, não fará
como um "camelo" atrasado, imprevidente, soberbo e apegado aos seus bens
terrenos, não é? Até porque, esta é mais uma conduta de uma "anta"
empacada, né não?
Quem tem ouvidos para ouvir: ouça!
Posso não saber onde piso, mas conheço o CAMINHO para
chegar aonde quero; porque caminho NAQUELE que creio e não naquilo que vejo.
(Gerson Palazzo)
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