sábado, 10 de maio de 2014

O BURACO DA AGULHA

"E outra vez vos digo que é mais fácil um camelo passar pelo fundo duma agulha, do que entrar um rico no reino de Deus." (Mt. 19:24)

Esta expressão usada por Jesus tem sido frequentemente utilizada para apoiar uma tese perversa de que Rico não entra no Céu. Imagina só uma pessoa leiga, uma criança por exemplo: ouve isto em algum sermão na sua igreja e fica tenso com esta limitação. Ela provavelmente tenha grandes sonhos, grandes projetos para a sua vida funcional. Ela, a criança, cresce acreditando que ser rico é pecado e que vai para o inferno se ganhar dinheiro honestamente como resultado da sua inteligência e esforço próprios. Esta crença preenche sua mente piedosa e na vida adulta, tende a se auto-sabotar,  impedindo-o a progredir, prosperar economicamente e se realizar profissionalmente. Afinal de contas, na sua mente traumatizada, assemelhar a entrada de um rico no Céu, com a passagem de um camelo pelo buraco de uma agulha é impossível. Logo, ser rico e acumular riqueza proveniente do seu esforço, é pecado e o levará ao inferno.

Todavia, JESUS nunca fez apologia a pobreza ou se utilizou desta frase, expressão com o significado de dizer que é impossível ao rico entrar no Céu de forma final e condenatória.

A expressão ilustra apenas a enorme dificuldade que é para uma pessoa rica, apegada as suas riquezas materiais, abrir mão do fascínio que a opulência proporcionada pelo dinheiro lhe gera na alma. Isto é o amor ao dinheiro, as riquezas da terra, a idolatria da fortuna.

Na verdade, JESUS ilustra com estas figuras que tinham significado concreto para os Judeus. A cidade de Jerusalém era protegida por grandes muralhas, de onde se abriam enormes portões. Estes portões permaneciam abertos durante o dia, em tempos de paz, e fechados às 6 da tarde. Por eles entravam caravanas com seus camelos carregados de mercadorias diversas e em caso de chegarem após os portões fechados, havia um acesso alternativo para a entrada dos camelos. Uma portinhola no fundo das muralhas, onde os camelos poderiam entrar, um a um, percorrendo um pequeno trecho de joelhos e sem carga nas costas. Este acesso era chamado de "agulha" face ser uma abertura minimamente suficiente para o camelo entrar nas condições já ditas.

O conceito que JESUS parece querer evidenciar aqui, é que apesar de ser exíguo, apertado, estreito o caminho para entrar na Cidade Santa, Jerusalém, era possível obedecendo ao comportamento, a atitude do camelo: humildemente de joelhos e sem levar nada de fora para dentro.

O problema não está na riqueza, mas no amor a ela que torna o homem rico, um idólatra, um prisioneiro, escravo do dinheiro. Todavia, junto com tais idolatras, não entrará muitos pobres soberbos, gente arrogante no Reino dos Céus.

"Eu sou a porta; se alguém entrar por mim, será salvo; entrará e sairá, e achará pastagens. O ladrão não vem senão para roubar, matar e destruir; eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância." (João 10:9 - 10)

"Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela;  e porque estreita é a porta, e apertado o caminho que conduz à vida, e poucos são os que a encontram." (Mateus 7:13 - 14)

A "PORTA PARA A VIDA ETERNA" permanece aberta para todos aqueles que recebem com alegria o convite para entrar por ELE. Ela no entanto, se fechará sem prévio aviso e quem estiver do lado de fora, não terá segunda chance, não terá um caminho alternativo para entrar, nenhuma "agulha".  Somente se lhe restará ao cair da noite, trevas e ranger de dentes, dor e sofrimentos para sempre.

Mas você que tem sido convidado insistentemente, não fará como um "camelo" atrasado, imprevidente, soberbo e apegado aos seus bens terrenos, não é? Até porque, esta é mais uma conduta de uma "anta" empacada, né não?

Quem tem ouvidos para ouvir: ouça!


Posso não saber onde piso, mas conheço o CAMINHO para chegar aonde quero; porque caminho NAQUELE que creio e não naquilo que vejo. (Gerson Palazzo)

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