domingo, 20 de maio de 2012

Até aonde vai o coração da gente?


Um pequeno dispositivo colocado no topo de uma caixa d'água é o que faz parar de encher a própria caixa e a impede de transbordar. Este dispositivo traz uma pequena boia na ponta de um arame, que ao ser tocado e levantado pelo nível da água que enche a caixa, aciona o registro e fecha o acesso da água. Este mecanismo simples, porém eficiente é igualmente acionado ao inverso, toda a vez que o nível da água baixa a boia desce junto e libera o registro que abre o acesso da água para encher novamente a caixa d'água.

"Até aonde vai o coração da gente?"

Vivemos dias destemperados. A realidade do que se vê não esta na consciência de todos e não é enxergada por todos da mesma maneira em que ela se apresenta. Logo, até mesmo a realidade, nestes dias destemperados, é relativizada e as mentes humanas se conectam com ela de forma diferente.

Um enxerga a realidade com entusiasmo e nela consegue perceber as oportunidades de se realizar e ser feliz. Já outro a percebe com desânimo e se desespera ao não encontrar as oportunidades para se realizar e igualmente ser feliz.

E então, qual é a diferença dessas realidades?

Não vou aqui dizer que conheço a resposta (se é que existe uma só resposta), mas eu vou me utilizar da "caixa d'água" como ilustração para dizer o que acho que acontece na mente da gente nestes dias destemperados, desatinados.

Boia no alto, significa que a caixa d'água está cheia. Tudo é realizado em plena capacidade. Pelos condutores/canos do sistema hidráulico a água flui com força e todo o sistema está irrigado plenamente. Em nós, toda as potencialidades estão "irrigadas" e nossos pensamentos e ações demonstram este bom estado de funcionamento da nossa mente e do nosso corpo. Agimos com entusiasmo e transformamos nossas potencialidades em realizações. Evidentemente, dependendo do conteúdo, da qualidade desta "água" a gente produz coisas boas ou más com facilidade, com eficiência.

Se estamos cheios de água contaminada, por água suja, o produto das nossas realizações também serão produtos contaminados e sujos, apesar de feitos com eficiência. Por outro lado, quanto mais baixo estiver o nível da água na caixa, mais fracamente se irrigará todo o sistema, fazendo com que as ações, as atitudes, revelem-se no produto final, nas nossas realizações. Este é o estado em que a boia está em baixo.

Nesta geração destemperada que estamos vivendo, uma grande parcela das pessoas está recebendo pouca água de boa qualidade em suas caixas. Há um espírito de desânimo, de derrota, desalento, baixa autoestima, frustrações, fobias de todos os tipos que têm contaminado as nossas caixas d'água e produzido mentes estranhas, desconectadas da realidade.

Há também, e cada vez mais, pessoas que estão com suas "boias" quebradas e com seus dispositivos de abrir e fechar o registro, danificados. E o que acontece então? Suas caixas d'água transbordam e continuam transbordando até que surtam, reproduzindo em suas atitudes, em seus comportamentos esta pressão danosa, este mal funcionamento. Suas mentes rompem com os limites e ultrapassam as "bordas" da caixa, ultrapassam as fronteiras da realidade em que estamos vivendo e criam uma outra realidade exclusiva e flutuante em suas mentes. No outro extremo, o esvaziamento gradativo e constante, mina as pressões necessárias que fazem fluir a água e irrigar o sistema, produzindo cada vez menos, até a prostração total.

Entendida a metáfora da caixa d'água e da boia, a gente pode compreender porque o mundo em que estamos e a geração que vivemos está enxergando a mesma realidade de modos diferentes e reagindo a ela de maneiras diferentes.

A caixa d'água representa a nossa mente, o nosso cérebro, a nossa consciência, as nossas emoções e percepções do mundo, o nosso "coração". Já a boia representa o senso critico, social e o freio moral, com os quais interagimos uns com os outros em sociedade, respeitando direitos e deveres estabelecidos. A água,...

E a água? Ah! A água!

"Até onde vai o coração da gente?"

A água é o que colocamos dentro das nossas caixas d'água. Se colocamos coisa boa, seremos irrigados de boas coisas e nossas atitudes, o nosso comportamento refletirá o nosso conteúdo, a nossa "boa água."

"Ouvi, filhos, a instrução do pai, e estai atentos para conhecerdes o entendimento. Pois eu vos dou boa doutrina; não abandoneis o meu ensino. Quando eu era filho aos pés de meu, pai, tenro e único em estima diante de minha mãe, ele me ensinava, e me dizia: Retenha o teu coração as minhas palavras; guarda os meus mandamentos, e vive. Adquire a sabedoria, adquire o entendimento; não te esqueças nem te desvies das palavras da minha boca. Não a abandones, e ela te guardará; ama-a, e ela te preservará. A sabedoria é a coisa principal; adquire, pois, a sabedoria; sim, com tudo o que possuis adquire o entendimento. Estima-a, e ela te exaltará; se a abraçares, ela te honrará. Ela dará à tua cabeça uma grinalda de graça; e uma coroa de glória te entregará. Ouve, filho meu, e aceita as minhas palavras, para que se multipliquem os anos da tua vida. Eu te ensinei o caminho da sabedoria; guiei-te pelas veredas da retidão. Quando andares, não se embaraçarão os teus passos; e se correres, não tropeçarás. Apega-te à instrução e não a largues; guarda-a, porque ela é a tua vida. Não entres na vereda dos ímpios, nem andes pelo caminho dos maus. Evita-o, não passes por ele; desvia-te dele e passa de largo. Pois não dormem, se não fizerem o mal, e foge deles o sono se não fizerem tropeçar alguém. Porque comem o pão da impiedade, e bebem o vinho da violência. Mas a vereda dos justos é como a luz da aurora que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito. O caminho dos ímpios é como a escuridão: não sabem eles em que tropeçam. Filho meu, atenta para as minhas palavras; inclina o teu ouvido às minhas instruções. Não se apartem elas de diante dos teus olhos; guarda-as dentro do teu coração. Porque são vida para os que as encontram, e saúde para todo o seu corpo. Guarda com toda a diligência o teu coração, porque dele procedem as fontes da vida. Desvia de ti a malignidade da boca, e alonga de ti a perversidade dos lábios. Dirijam-se os teus olhos para a frente, e olhem as tuas pálpebras diretamente diante de ti. Pondera a vereda de teus pés, e serão seguros todos os teus caminhos. Não declines nem para a direita nem para a esquerda; retira o teu pé do mal." (Rei Salomão - Provérbios 4:1 - 27)

Qual é o tipo de "água" que tem preenchido a sua "caixa"?

Para onde sua "caixa d'água", teu coração está te levando?

Veja lá, hein?

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