sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

ALEGRAI COM OS QUE SE ALEGRAM...


Acabamos de nos confraternizar nas festas de final de ano, como fazemos todos os anos. Ano após ano, celebrando com muita alegria, esses momentos de virada de ano, como houvesse mesmo um marco no tempo contínuo, em que tudo parasse para que os homens pudessem ter uma pausa nas suas angustias, nas suas tribulações dos dias passados .

Já por costumes e tradições seculares, comemoramos, 'bebemoramos' também, e desejamos felicidades, prosperidade, saúde, paz, amor e por aí vai.

Mas de repente. No meio de todas essas comemorações. No meio de tantas felicitações, risos e votos de alegria, distribuídos entre parentes, amigos e colegas, surgem notícias de imensa dor e sofrimento.

A gente ficou perplexa com a enxurrada de tragédias que rolaram como avalanches e soterraram almas esperançosas como as nossas.


Foram pingando daqui e dali, formando enormes enchentes de sofrimento e enxurradas de agonia, levando vidas e suas histórias morro abaixo e mar adentro.

Uma sucessão interminável de tragédias ocorreram nesses dias festivos e nos primeiros dias do novo ano bom de esperanças e promessas.

Não somente aqui, no nosso país, mas em todo o planeta. Notícias de catástrofes naturais, como se a natureza estivesse furiosa e revidasse de modo descomunal. Sim, espantados vimos e ouvimos notícias de calamidades que abalaram nosso planeta, com tamanha fúria e violência, que varreram literalmente, cidades inteiras da face da terra. Sem contar ainda, a ação violenta do homem sobre seus semelhantes também.

Calor insuportável.

Temperaturas baixas nunca vistas.

Maremotos, furacões e terremotos.

Tempestades tropicais e secas terríveis em toda parte da terra.

Tribulações, desespero, violências urbanas e nos campos.

Antigas endemias e novas pandemias.

Terrorismo, guerras e rumores de guerras.

Por fim, mas não por último, uma tragédia impressionante se abateu sobre o Haiti. Atônitos, nos demos conta da fragilidade da vida humana e da insegurança que nossas almas estão expostas em qualquer lugar nesse mundo.

Talvez muita gente não tenha sequer se dado conta disso tudo que acontece lá e cá, e cada vez mais próximo do seus umbigos.

Talvez a insensibilidade de alguns impeça seus olhos de verem e seus corações de sentirem a aflição do próximo.

Talvez alguns não se importem, simplesmente porque não se importam mesmo, e isso não incomoda nem os aflige.

Mas graças a DEUS, existem almas que se importam, que se envolvem, que se apresentam voluntariamente diante do pavor que acomete desconhecidos e chegados.

Sim, há esperança para o mundo por causa de homens e mulheres de bem, que se doam inteiros para mitigar a dor alheia.

Muitos de nós tem o mesmo espírito voluntário daqueles, mas por todo tipo de impossibilidade, não podem presencialmente levar conforto e solidariedade aos machucados, enfermados, desabrigados, aterrorizados, injustiçados, humilhados, violentados, torturados ou angustiados.

Temos em nós um sentimento de impotência, e uma sensação estranha que dá um nó na garganta. Você não sente esse nó na garganta? Sente, não sente? Eu sinto na minha garganta, sinto na minha alma.

Meus olhos estão apagados, mas meu coração está conectado com todo esse sofrimento que se abateu aqui, e logo ali, no Haiti. Sofrimento não tem pátria, não tem cor de pele e nem condição social. Sofrimento não avisa quando vai chegar, mesmo que haja todos os sinais a vista dos nossos olhos.

E ele, o sofrimento chega e nos abandona a ao próprio espanto e perplexidade, além de dor. Muita dor.

Diante disso, eu me sinto impotente. Me sinto inútil diante dessas tragédias naturais, tanto quanto as causadas pelo homem a outro homem.

A poucos dias, a gente se alegrava com todos aqueles sorrisos que se alegravam, celebrando a esperança de um ano incrível, tá lembrado?

Hoje, ainda que impotentes, podemos chorar com aqueles que ora choram. Mesmo que em nós aja um grande alívio por estarmos momentaneamente, preservados, todavia não imunes, podemos interceder por todas as vítimas de todas essas tragédias, não podemos? Sim, devemos!

Um sozinho é pouco, mas já é alguém. E sendo alguém por pouco que possa fazer, já é mais que nada; e mais que fazer nada, eu e você, temos a obrigação de fazer, não é mesmo?

Estamos preparados para ajudar quem precisa? Estamos igualmente preparados para o sofrimento quando ele chegar?

"Alegrai-vos com os que se alegram; e chorai com os que choram."

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