sexta-feira, 3 de agosto de 2007

Éramos jovens...

Foi um dia desses ai passados, poucos como se nos parecem agora. Éram os fortes, alegres e destemidos; tínhamos pólvora nas veias e brilho inflamado no olhar. Éramos belos, viris e ousados; pouco menos queeternos. Curtindo a juventude, o futuro nos sorria e o presente nos convidava para a festa da vida. Corria-mos, pulávamos, amávamos e nos deixávamos amar, como se pudessem aqueles dias serem para sempre.Tínhamos todo tempo à nosso favor, contra nós apenas a ansiedade , inerente a todo adolescente. Amávamos os Beatles e dançávamos Rolling Stones; acreditávamos no amor e na liberdade. Éramos tão deliciosamente inconseqüentes; éramos tão jovens! O calor do dia era nosso aliado e o frescor da noite embalava nossos hormônios em ligeiras paixões. Éramostambém platônicos e admirávamos o belo sem ousar toca-lo; no escuro doquarto chorávamos o amor não correspondido. Nossos sonhos eram simples,legítimos e puros; queríamos a felicidade que deveria estar ali, logo aonosso alcance. Então chegamos à manhã seguinte; o dia da nossamaturidade havia chegado e a mocidade já fora ontem. A realidade do queera responsabilidade nos era quase cruel; quase incompreensível tamanharudeza e ausência de afeição. Tínhamos chegado a vida adulta; deixadopara ontem nossa fase mais bonita. E se passaram os dias e chegaram osanos; e vieram as cãs em nossas frontes; e se acumularam fadigas sobnossas pálpebras; e foram acrescentados pesos à nossa cinturasedentária; e aflições sobre os nossos ossos; e aquela talfelicidade...? E nos tornamos sóbrios e muitas vezes sombrios;prosperamos alguns de nós, enquanto muitos, corremos atrás do vento.Raros conquistaram fama, poucos alcançaram fortuna, mas tantos de nósamealharam pouco mais que migalhas. Para alguns sobrou o desespero e osabor amargo da derrota; para muitos, restou o esquecimento de seuspróprios sonhos; a frustração e a angústia acabaram vitimando uns poucosde nós, que prematuramente, abandonaram a luta; tantos outros aindiferença; não tão poucos se acostumaram com a ausência do entusiasmoem suas existências; mas eu, criança presa em um corpo de adulto,prossigo em buscar minha porção dessa tal felicidade. Parece que foihoje de manhã, quando ainda ÉRAMOS JOVENS! "LEMBRA-TE DO TEU CRIADOR NOS DIAS DA TUA MOCIDADE: ANTES QUE VENHAM OS MAUS DIAS E CHEGUEM OS ANOS, DOS QUAIS DIRÁS: NÃO TENHO NELES CONTENTAMENTO ALGUM." SALOMÃO, sábio hebreu e REI DE Israel

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