quarta-feira, 6 de novembro de 2013

ENXERGANDO COM OS OLHOS DO OUTRO



Enxergar os outros com os nossos próprios olhos, é naturalmente simples; não exige de nós nenhum  esforço especial. Mas olhar os outros pelos próprios olhos deles, já exige de nós nos colocarmos no lugar do outro; isto sim exige muita capacitação.

Não é tarefa fácil e nem pode ser eficaz para ambos se feita sem uma grande dose de diligência, altruísmo e empatia. Não funciona pura e simplesmente utilizando-se dos mecanismos de autoajuda disponibilizados pela sociedade.

Eles não levam em consideração as necessidades intrínsecas da alma daquele que carece da ajuda e tampouco das limitações daquele que se sente impulsionado a ajudar.

Somente salta aos olhos do observador piedoso, o que é perceptível a luz do seu sentir; daquilo que pode  ver com o seu próprio olhar.

Para que se possa efetivamente assistir o que pede por ajuda, o que clama por justiça, o que grita por socorro, o que já sem forças geme com gemidos inexprimíveis, é preciso se colocar em seu lugar e ver o cenário que ele enxerga, sob sua própria ótica; sob sua própria dor.

Para mim, nisto reside a dificuldade toda de atingir as expectativas do que pede e não gerar frustrações no coração daquele, que sem capacitação, se move para ajudar.

A Capacidade de ajudar, de prestar socorro, de amparar seus semelhantes, não está inserida no pacote do ser natural.

O Ser natural tem um instinto de preservar-se em primeiro lugar, e não se dispõe assim a arriscar-se por outro, ou mesmo investir nele tempo ou algum dinheiro.

Ele pode até ser um observador da tragédia e penalizar-se pela calamidade que se abateu sobre outra pessoa, mas o que transforma esse observador em um ser solidário é uma ação sobrenatural agindo sobre suas faculdades e sobre seus sentimentos.

Compaixão é virtude do Espírito e não existe naturalmente no ser humano.

Nos Evangelhos da Bíblia, existe um relato que pode ilustrar essa tosca tentativa de explicar essa "capacidade" que move o coração daquele que estende suas mãos e recursos em direção ao que necessita.

Trata-se da história do Bom Samaritano, tão conhecida de todos, e cuja passagem transcrevo para nossa reflexão (Evangelho de Lucas 10: 25 -37):

"E eis que se levantou certo doutor da lei e, para o experimentar, disse: Mestre, que farei para herdar a vida eterna?  Perguntou-lhe Jesus: Que está escrito na lei? Como lês tu?  Respondeu-lhe ele: Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todas as tuas forças e de todo o teu entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo.  Tornou-lhe Jesus: Respondeste bem; faze isso, e viverás.  Ele, porém, querendo justificar-se, perguntou a Jesus: E quem é o meu próximo?  Jesus, prosseguindo, disse: Um homem descia de Jerusalém a Jericó, e caiu nas mãos de salteadores, os quais o despojaram e espancando-o, se retiraram, deixando-o meio morto. Casualmente, descia pelo mesmo caminho certo sacerdote; e vendo-o, passou de largo. De igual modo também um levita chegou àquele lugar, viu-o, e passou de largo. Mas um samaritano, que ia de viagem, chegou perto dele e, vendo-o, encheu-se de compaixão; e aproximando-se, atou-lhe as feridas, deitando nelas azeite e vinho; e pondo-o sobre a sua cavalgadura, levou-o para uma estalagem e cuidou dele. No dia seguinte tirou dois denários, deu-os ao hospedeiro e disse-lhe: Cuida dele; e tudo o que gastares a mais, eu to pagarei quando voltar. Qual, pois, destes três te parece ter sido o próximo daquele que caiu nas mãos dos salteadores? Respondeu o doutor da lei: Aquele que usou de misericórdia para com ele. Disse-lhe, pois, Jesus: Vai, e faze tu o mesmo."

JESUS não apenas nos ensina com esta história, mas Ele mesmo, com a sua própria história deu a escala, a dimensão do Amor que serve, socorre e salva todo aquele que carece.

ELE nos olha com o nosso olhar e sente a nossa necessidade, sente a nossa dor e conhece a nossa incapacidade de nos autoajudar.

ELE se põe no meu lugar, no seu lugar, no lugar da humanidade e se compadece de nossas tragédias existenciais e estado de calamidade moral em que nos encontramos.

ELE vai além, muito além de observar-nos e se compadecer de nossas mazelas; ELE as transfere para si mesmo, sofre nossas dores em si mesmo, carrega nossos pesares e nossos pecados sobre si mesmo e paga Ele próprio pelo que merecíamos pagar. ELE quita as nossas "dívidas" de maneira cabal, completa, definitiva e sem dúvidas.

JESUS nos pode capacitar para aprendermos a olhar o nosso próximo com os olhos dele. Assim é que compreendendo suas necessidades, ajamos com compaixão e eficiência.

Que no meigo Olhar de Jesus, encontremos inspiração para sermos solidários com aquele que precisa. Que as nossas mãos nunca estejam encolhidas e se neguem a ajudar estando nelas a capacidade de fazer o Bem.

E QUE SEJA ASSIM!


Posso não saber onde piso, mas conheço o CAMINHO para chegar aonde quero; porque caminho NAQUELE que creio e não naquilo que vejo. (Gerson Palazzo)

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