Todas as coisas
que podemos realizar facilmente, serenamente, focadamente, são completamente
perturbadas quando as tentamos fazer sob pressão, sob estresse. Já perceberam
isto?
Ao dizer isto, lembro-me , que procurando um determinado
documento e depois de ter revirado gavetas e bolsos das roupas, armários e
pastas, já sem paciência, cada vez mais estressado desisti do compromisso.
Então, depois de alguns minutos em que coloquei meus
pensamentos em outros assuntos, a minha memória aliviada da ansiedade inicial,
liberou um pensamento sutil na
minha mente: "Já procurou no lugar mais óbvio? Já?
Pois vá lá e procure outra vez. Vá!"
Via de regra aquilo que procuramos quando estamos debaixo
de extrema ansiedade, sob forte estresse, acaba bloqueando a passagem da
imagem, o registro no cérebro e então a visão consciente do objeto parece não se fixar
nas nossas mentes, mesmo tendo os olhos postos sobre ele.
Vemos mas não enxergamos. Cegados pela ansiedade.
Claro que depende muito da personalidade de cada individuo,
mas a ansiedade é um inimigo íntimo que joga contra a gente dentro das nossas
próprias fronteiras. Tolices que não costumamos cometer em situações de conforto, são facilmente cometidas quando submetidos as fortes
emoções pressionando as nossas mentes ao ponto de agirmos como cegos
atrapalhados, tateando em um lugar escuro e desconhecido.
Assim é que muitos erros acontecem com frequência em
locais estressantes, com alto grau de responsabilidade, de necessidade de
acuidade visual e perícia de ações. Erros médicos são cometidos com muita frequência e ocupam
a todo momento, as páginas dos jornais e espaço nos telejornais. Atletas se
atrapalham nas rotinas esportivas que estão exaustos de tanto repetir e que de
repente, parecem esquecer completamente. "Dá um branco."
A ansiedade também é ingrediente sempre presente em
situações de tragédia social. Violências inexplicáveis, agressões inesperadas,
crimes que envolvem paixões após discussões, brigas e qualquer tipo de desinteligências.. As pessoas reagem transtornadas. É
comum ouvirmos que em um crime passional, se dizer: "Estava cego de
paixão!" A consciência deu um "apagão" geral.
Em um mundo tão competitivo com relações cada vez mais
predatórias da consciência do que se quer e dos limites para conseguir o que se
quer, as pessoas estão cada dia mais ansiosas. Uma ansiedade patológica que adoece os relacionamentos e enferma a nossa sociedade.
A gente se vê assim, tão incluído, tão enfiado dentro do
processo de consumir e no qual somos consumidos também, que estamos perdendo a
moderação, o equilíbrio, a capacidade de refletir, de pensarmos antes de falar e agir. A ansiedade está bloqueando mentes
privilegiadas e nivelando por baixo os comportamentos de gente sadia com as de
doentes.
Eu li em algum livro de psicologia (ou foi de
filosofia?), que a maioria dos erros, das falhas, até mesmo dos crimes, são
impulsionados, acontecem nos primeiros trinta segundos após uma ocorrência de forte estresse.
Assim podemos imaginar que se as pessoas conseguissem um pequeno fôlego, uma pequena
respirada, uma breve pausa para que o cérebro recebesse oxigênio e girasse a
nossa consciência, provavelmente não veríamos tantos crimes bárbaros acontecendo tão próximos da gente, quase respingando em
nós, não acha?
Tantas palavras impulsionadas pela ansiedade, pelas
preções das circunstâncias que causam tanto mal-estar, tanta mágoa, tanta raiva
e tanta reação adversa.
Quantas amizades destruídas em apenas trinta segundos.
Quantas separações motivadas por uma carga negativa
acumuladas em muitos trinta segundos de explosão.
Já pensou se tivéssem esperado um pouquinho a mais? Tivessem refletido por uns dois ou três minutos, esperado que a mente retomasse
o domínio dos pensamentos, hein?
Poderia ser a diferença entre um sofrimento causado por
uma separação e uma agradável reconciliação; salvar uma vida ao invés de uma
tragédia.
Pois é. Se a gente também esperar um pouco mais que 30
segundos antes de meter os pés pelas mãos, e ao invés disto, utilizar a
"oração dos sábios" - o silêncio, poderemos evitar o nosso próximo erro e a próxima crise,
né não?
Ah! Lembra aquele documento que eu procurei tanto? Estava
na minha carteira, exatamente onde deveria estar. Que coisa, hein? Até parece
que sou cego, viu!
"Quem é tardio em irar-se é grande em entendimento;
mas o que é de ânimo precipitado exalta a loucura." (Provérbios 14:29)
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