domingo, 17 de junho de 2012

TEU AMOR ME CURA


Sabe aquela parábola contada pelo Mestre Jesus nos Evangelhos - O Filho pródigo? Talvez seja a mais citada e a mais lembrada daquelas tantas usadas por Jesus para ensinar seus seguidores a pensar sobre as coisas do espírito. Coisas que não podiam ser discernidas pelas mentes cheias das crenças coletivas daquele povo.

Toda vez que leio novamente a mesma história do filho pródigo, acabo observando alguma coisa diferente daquela que havia enxergado antes. Isto é enriquecedor para a minha vida, pois cada lição, me dou conta que há muito que ser aprendido naquilo que pensava já saber.

Na parábola que todo mundo já tá careca de ouvir, o filho mais novo de um rico senhor, exigiu a sua parte na herança e saiu pelo mundo para torrar até o último centavo. Lembra disso? (Lucas 15:11 a 24)

Tem aquela parte da comida dos porcos que é um nojo só, mas que foi o ponto crucial, o fundo do poço em que aquele filho tomou a decisão de voltar a casa do pai com o rabinho entre as pernas.

Ao lembrar-se da casa do pai, as mordomias, a fartura, a comida, e o tratamento que até os servos da fazenda desfrutavam na casa do seu pai, e se vendo a desejar comer das bolotas dada aos porcos, ele se arrependeu e tomou a decisão de voltar.

Aqui uma pequena pausa para falar sobre a palavra Arrependimento. Na Bíblia Sagrada, esta palavra de origem grega - metanoia, significava "mudar de ideia". É como se alguém que estivesse indo em uma direção, repentinamente, mudasse radicalmente a direção e tomasse uma direção absolutamente nova. Pegou a ideia, né?

Até ai, tá tudo normal, mas na minha releitura, percebi uma coisa incrível que modifica completamente o jeito de entender esta parábola. Consegui perceber o jeitão do pai se antecipando ao pedido de perdão, preparado pelo filho enquanto humilhado voltava ao lar paterno.

O pai ao vê-lo ainda distante, correu até o filho e o abraçou gostosamente. Não o repreendeu pelo que havia feito com a sua herança, e nem o recriminou por voltar para casa naquele estado. O pai apenas o abraçou com força e demonstrou todo o amor que nutria pelo seu filho gastador.

Não é o que se espera de um pai? Você faria deste jeito também?

Na narrativa de Jesus, ele parece querer dizer que a sua preocupação é muito maior com o pecador do que propriamente com o pecado cometido.

Nesta minha releitura foi o que mais me chamou a atenção. Deus, na figura do pai amoroso, está preocupado com fato do seu filho haver se arrependido e voltado para ser reconciliado com o pai. O Pai parece estar muito mais preocupado em reatar um relacionamento do que julgar, condenar o ato.

Quer ver só? Leia o texto original de novo, e perceba o que percebi. Procure no texto e nas entrelinhas, alguma menção condenatória feita pelo pai. Leia!

"Disse-lhe mais: Certo homem tinha dois filhos. O mais moço deles disse ao pai: Pai, dá-me a parte dos bens que me toca. Repartiu-lhes, pois, os seus haveres. Poucos dias depois, o filho mais moço ajuntando tudo, partiu para um país distante, e ali desperdiçou os seus bens, vivendo dissolutamente. E, havendo ele dissipado tudo, houve naquela terra uma grande fome, e começou a passar necessidades. Então foi encontrar-se a um dos cidadãos daquele país, o qual o mandou para os seus campos a apascentar porcos. E desejava encher o estômago com as alfarrobas que os porcos comiam; e ninguém lhe dava nada. Caindo, porém, em si, disse: Quantos empregados de meu pai têm abundância de pão, e eu aqui pereço de fome! Levantar-me-ei, irei ter com meu pai e lhe direi: Pai, pequei contra o céu e diante de ti; já não sou digno de ser chamado teu filho; trata-me como um dos teus empregados. Levantou-se, pois, e foi para seu pai. Estando ele ainda longe, seu pai o viu, encheu-se de compaixão e, correndo, lançou-se-lhe ao pescoço e o beijou. Disse-lhe o filho: Pai, pequei conta o céu e diante de ti; já não sou digno de ser chamado teu filho. Mas o pai disse aos seus servos: Trazei depressa a melhor roupa, e vesti-lha, e ponde-lhe um anel no dedo e alparcas nos pés; trazei também o bezerro, cevado e matai-o; comamos, e regozijemo-nos, porque este meu filho estava morto, e reviveu; tinha-se perdido, e foi achado. E começaram a regozijar-se." (Lc. 15:11-24)

Percebeu?

Não?

Leia de novo com atenção.

Sabe, para mim ficou patente que Jesus queria ensinar seus discípulos que o Pai não queria que o filho se sentisse mal pelo seu pecado, mas com o seu gesto de pura compaixão, queria ajudar seu filho a mudar. Ele sabia que o seu filho havia sentido o impacto do seu erro. Sabia que estava sentindo um fardo terrível pela culpa que esmagava sua mente e espremia seu espírito angustiado. Ao invés de julga-lo, condena-lo, repreende-lo e puni-lo, ele acolheu com compaixão e carinho. Tirou o erro do foco e demonstrou efusivamente o quão importante o filho era para ele. Ficara feliz por voltar a se relacionar com seu filho.

Eu percebi com muita clareza, que assim como o pai da parábola, o Pai nosso, está mais preocupado com reatar, religar, renovar o seu relacionamento com o pecador do que puni-lo. O perdão foi concedido muito antes da declaração de arrependimento feito pelo filho.

Deus sonda, esquadrinha os corações. Ele sabe os pensamentos que estão pipocando em nossas mentes. O Pai nosso tem pensamentos muito, muito mais elevados ao nosso respeito para ao final, nos dar aquilo que tanto desejamos. O Pai quer se relacionar com seus filhos e somente é preciso fazer o que o filho pródigo fez. Ele "mudou de ideia", se levantou de onde estava e foi ao encontro do pai.

O Arrependimento gera transformação e alcançado o perdão, cura o pecador, aliviando do seu fardo. Sem o arrependimento o pecador sofre sozinho a dor e os males impostos pela culpa. Jesus disse que não veio para julgar o mundo, mas salva-lo.

"As pessoas sábias estão sempre preparadas para mudar de idéia e de atitude; as tolas, jamais."

Todos nós temos muita semelhança com o filho pródigo. Achamos que podemos lidar com as nossas "coisas", com a nossa vida como nos der na telha. Usamos muito mal esta capacidade de escolher e via de regra, damos com os burros nágua. Isto porém parece fazer parte do comportamento humano: Errar. Mas Jesus insiste em dizer que o Pai quer se relacionar com os seus filhos de um outro modo, em um outro nível, e é por isto que Ele acolhe a todo filho que se arrepende e busca o seu perdão incondicionalmente.

Percebendo isto, meu coração, minha alma se reveste de uma sensação de paz e é reconfortada pelo acolhimento generoso do Pai. Posso viver sem culpa. Posso viver sem medo. Posso ser livre. Posso conviver contente e satisfeito, celebrando a vida abundante na presença do Pai nosso.

O ensino de Jesus é para que façamos assim uns com os outros. Ao invés do julgamento, o acolhimento. Porque precisamos uns dos outros para sermos tratados, estimulados, erguidos, e curados.

Senhor, é o teu amor que me cura.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

PARA ENCHER É PRECISO PRIMEIRO ESVAZIAR


Outro dia eu esbarrei com um antigo ditado que dizia: "Quanta água você consegue colocar em um barril de óleo de vinte litros? Nenhuma. Primeiro temos que tirar um pouco do óleo."

Houve um tempo em que eu estava cheio de muitas convicções a respeito de tanta coisa que aprendera até aquele momento da minha vida, que já estava muito difícil ouvir calmamente uma segunda opinião.

Hoje devo confessar que minhas crenças, pelo menos uma boa parte delas, me impediam de crescer e de evoluir na minha capacidade de enxergar novos olhares sobre aqueles mesmos temas.

Tenho agora a impressão que eu me tornara um cara intolerante ao ponto dos meus amigos me preterirem quando determinados assuntos eram tratados entre eles. Acho até que perdi algumas reuniões, festinhas e alguns outros eventos por causa de minhas convicções inflexíveis naqueles tempos da juventude.

Muito cedo ainda, eu já possuía um "barril" completamente cheio de óleo que quase transbordava a uma simples tentativa de colocar uma gota de água. Isto me impedia de aprender além das minhas crenças e obviamente, de expandir minhas fronteiras intelectuais.

Além de empobrecer os diálogos, provavelmente ainda provocava estranhezas nos relacionamentos entre colegas e amigos.

No entanto, eu não diferia muito deles. Naqueles tempos de muitos hormônios nas veias e poucas conexões no cérebro, a gente não adquiriu o hábito, por exemplo, de falar do que sentíamos ao invés do que pretensamente sabíamos. Claro, falar sobre o que se sentia era coisa de fracotes e de meninas, não era? Pois bem, com o "barril" cheio, ideias preconcebidas também tínhamos de sobra, viu?

O fato era que estávamos completamente, transbordantemente com os nossos "barris" sem espaço para aceitarmos qualquer argumento, suficientemente bom para abandonarmos as nossas certezas. Tolices da mocidade, não é mesmo?

"As pessoas sábias estão sempre abertas a novas ideias e crenças, e até a respeito de si mesmas."

Mas até que enfim a gente cresceu, amadureceu, alargou os espaços das nossas mentes ao esvaziarmos uma boa parte do nosso "barril" e pudemos experimentar novas e renovadas ideias, que alteraram significativamente nosso modo de enxergar a vida. Sim, adquirimos uma consciência do nosso significado nesta existência, para nós e para a sociedade que vivemos.

Nosso comportamento passou a refletir essas mudanças de dentro para fora. Ficamos mais tolerantes e menos intransigentes. Conseguimos estabelecer padrões menos rígidos, menos dogmáticos, para encaixotar as pessoas que se relacionam conosco. Nossas percepções de mundo, de valores, de religiosidade, de fé e a nossa consciência de Deus, também amadureceram, evoluíram, foram renovadas como vinho novo colocado em odres novos.

Acho que estamos melhorando cada dia mais  daquilo que já fomos. Você também não acha isso de si mesmo?

Se o entendimento que tenho hoje, a sensibilidade para perceber o que diz a outra pessoa, a paciência para escutar seus argumentos, e a humildade para reconhecer as falhas nos meus próprios argumentos, talvez alguns dos meus amigos, ainda seriam os meus melhores amigos. Que pena que alguns deles ainda não esvaziaram um pouquinho seus "barris de óleo" para caber a nossa velha grande amizade. Sim! Porque para enchermos as nossas mentes de coisas novas e boas, é preciso primeiro nos esvaziar daquelas velhas opiniões formadas sobre tudo, né não?

sábado, 9 de junho de 2012

APENAS MAIS 30 SEGUNDOS


Todas as coisas que podemos realizar facilmente, serenamente, focadamente, são completamente perturbadas quando as tentamos fazer sob pressão, sob estresse. Já perceberam isto?

Ao dizer isto, lembro-me , que procurando um determinado documento e depois de ter revirado gavetas e bolsos das roupas, armários e pastas, já sem paciência, cada vez mais estressado desisti do compromisso.

Então, depois de alguns minutos em que coloquei meus pensamentos em outros assuntos, a minha memória aliviada da ansiedade inicial, liberou um pensamento sutil na
minha mente: "Já procurou no lugar mais óbvio? Já? Pois vá lá e procure outra vez. Vá!"

Via de regra aquilo que procuramos quando estamos debaixo de extrema ansiedade, sob forte estresse, acaba bloqueando a passagem da imagem, o registro no cérebro e então a visão consciente do objeto parece não se fixar nas nossas mentes, mesmo tendo os olhos postos sobre ele. Vemos mas não enxergamos. Cegados pela ansiedade.

Claro que depende muito da personalidade de cada individuo, mas a ansiedade é um inimigo íntimo que joga contra a gente dentro das nossas próprias fronteiras. Tolices que não costumamos cometer em situações de conforto, são facilmente cometidas quando submetidos as fortes emoções pressionando as nossas mentes ao ponto de agirmos como cegos atrapalhados, tateando em um lugar escuro e desconhecido.

Assim é que muitos erros acontecem com frequência em locais estressantes, com alto grau de responsabilidade, de necessidade de acuidade visual e perícia de ações. Erros médicos são cometidos com muita frequência e ocupam a todo momento, as páginas dos jornais e espaço nos telejornais. Atletas se atrapalham nas rotinas esportivas que estão exaustos de tanto repetir e que de repente, parecem esquecer completamente. "Dá um branco."

A ansiedade também é ingrediente sempre presente em situações de tragédia social. Violências inexplicáveis, agressões inesperadas, crimes que envolvem paixões após discussões, brigas e qualquer tipo de desinteligências.. As pessoas reagem transtornadas. É comum ouvirmos que em um crime passional, se dizer: "Estava cego de paixão!" A consciência deu um "apagão" geral.

Em um mundo tão competitivo com relações cada vez mais predatórias da consciência do que se quer e dos limites para conseguir o que se quer, as pessoas estão cada dia mais ansiosas. Uma ansiedade patológica que adoece os relacionamentos e enferma a nossa sociedade.

A gente se vê assim, tão incluído, tão enfiado dentro do processo de consumir e no qual somos consumidos também, que estamos perdendo a moderação, o equilíbrio, a capacidade de refletir, de pensarmos antes de falar e agir. A ansiedade está bloqueando mentes privilegiadas e nivelando por baixo os comportamentos de gente sadia com as de doentes.

Eu li em algum livro de psicologia (ou foi de filosofia?), que a maioria dos erros, das falhas, até mesmo dos crimes, são impulsionados, acontecem nos primeiros trinta segundos após uma ocorrência de forte estresse. Assim podemos imaginar que se as pessoas conseguissem um pequeno fôlego, uma pequena respirada, uma breve pausa para que o cérebro recebesse oxigênio e girasse a nossa consciência, provavelmente não veríamos tantos crimes bárbaros acontecendo tão próximos da gente, quase respingando em nós, não acha?

Tantas palavras impulsionadas pela ansiedade, pelas preções das circunstâncias que causam tanto mal-estar, tanta mágoa, tanta raiva e tanta reação adversa.

Quantas amizades destruídas em apenas trinta segundos.

Quantas separações motivadas por uma carga negativa acumuladas em muitos trinta segundos de explosão.

Já pensou se tivéssem esperado um pouquinho a mais? Tivessem refletido por uns dois ou três minutos, esperado que a mente retomasse o domínio dos pensamentos, hein?

Poderia ser a diferença entre um sofrimento causado por uma separação e uma agradável reconciliação; salvar uma vida ao invés de uma tragédia.

Pois é. Se a gente também esperar um pouco mais que 30 segundos antes de meter os pés pelas mãos, e ao invés disto, utilizar a "oração dos sábios" - o silêncio, poderemos evitar o nosso próximo erro e a próxima crise, né não?

Ah! Lembra aquele documento que eu procurei tanto? Estava na minha carteira, exatamente onde deveria estar. Que coisa, hein? Até parece que sou cego, viu!  

"Quem é tardio em irar-se é grande em entendimento; mas o que é de ânimo precipitado  exalta a loucura." (Provérbios 14:29)

terça-feira, 5 de junho de 2012

A PRIMEIRA IMPRESSÃO É A QUE FICA


Na imensa maioria das vezes a gente está tão convicto de estar certo que sequer se cogita de haver um outro ponto de vista que por diferir do nosso, possa estar certo também.

Ao estar convicto daquilo que vê, daquilo que enxerga do ângulo em que se está olhando um determinado objeto, tem-se que mudar completamente e ir por todos os lados do objeto, para então se ter a visão global, que certamente será diferente daquele primeiro olhar.

Muito embora tudo isto possa nos parecer lógico, na prática a gente não tem o trabalho, o cuidado de proceder assim. "A primeira impressão é a que fica", diz o ditado popular, não é? Admitir que se estava errado e "dar a mão à palmatória" é muito mais difícil para alguns do que para outros. Arrepender-se então? Menos ainda.

Pensando nisto, eu fico me perguntando o por que que agimos assim quando descobrimos que nossa primeira impressão nos levou a uma ideia preconcebida que não correspondia a verdade. Criamos rótulos para pessoas e as enquadramos em uma lista de impressões, sem qualquer conhecimento real sobre elas. Nutrimos por algumas um sentimento preconceituoso, uma antipatia gratuita que não possui nenhum fundamento uma vez que nem sabemos nada dela.

Pior que isto é que existem algumas pessoas que possuem uma mania perniciosa demais para ser aceita que é a de espalhar algo como se fosse um fato, criando um boato tão devastador e tão incontrolável, que causa um prejuízo enorme para aquele que foi alvo daquele falso fato.

Sim, existem muita leviandade, muita maledicência no meio da nossa sociedade. Muito preconceito e muita  hipocrisia também.

Penso que as pessoas nobres, honestas, de bom caráter, podem evidentemente cometer algo semelhante. Ninguém está livre de cometer erros de avaliação e juízo precipitado por uma primeira impressão.

Talvez a diferença seja a de que pessoas com este perfil, possuem a dignidade e a humildade para encarar o erro, arrepender-se, pedir perdão e ainda por cima, tentar a reparação dos eventuais prejuízos. Claro, nem sempre este último é possível, mas ela estará disposta a fazê-lo sinceramente, honestamente. São raras tais pessoas, podem crer.

Por outro lado, seja por orgulho ou por vaidade, por vergonha ou apenas por covardia, a maioria daqueles que descobriram que suas primeiras impressões, suas convicções cheias de preconceitos, que causaram danos a moral, do emocional e até do funcional de uma pessoa estigmatizada por causa de uma fofoca, jamais terá a coragem de admitir e reparar os danos.

Sinceramente eu não sei como é que coisas assim, podem ser evitadas. Não imagino como é que as pessoas podem deixar de se basear em "primeiras impressões", o primeiro olhar lançado rápido e displicente sobre uma pessoa ou um fato, para acreditar que pode emitir opinião e juízo sobre amos. Não sei, você sabe?

Em algum momento das nossas vidas, fomos alvos dessas impressões e das ações impulsivas geradas à partir delas. Você já foi rotulada alguma vez? Por causa disso, você se sentiu preterida? Já foi estigmatizada por causa de maledicências? Muito bem, então você sabe o quanto dói, né?

Pessoalmente eu creio que essa máxima de que "é a primeira impressão que fica" é coisa de ignorantes, de preguiçosos, coisa de gente medíocre que não sabe a que veio neste planeta. Nossas mentes enxergam o mundo pela consciência que temos. Se temos uma boa consciência e somos equilibrados, saudáveis e preparados, nosso julgamento, nosso olhar irá perceber à primeira vista, à primeira impressão, o quanto ainda temos que conhecer sobre aquela pessoa, sobre aquele fato, para então emitirmos algum juízo de valor; ou não.

Cuidemos do nosso olhar, do nosso agir, do nosso falar. Não sejamos contaminados por primeiras impressões, tá bom?

"A candeia do corpo são os olhos. Quando, pois, os teus olhos forem bons, todo o teu corpo será luminoso; mas, quando forem maus, o teu corpo será tenebroso. Vê, então, que a luz que há em ti não sejam trevas." (Jesus - Lc. 11:34-35)

domingo, 3 de junho de 2012

MAIS QUE PÃO E CIRCO



"E não vos conformeis a este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus." (Rm. 12:2)

A gente apenas recebe o dom da vida, o fôlego, a consciência, o poder de pensar e falar, e já sai por aí achando que é somente pão e circo. Eu tenho certeza, diria até mais: Eu tenho plena convicção no meu ser, de que isto não é o suficiente para os seres humanos, não é não!

Recebemos um dom fantástico que nos diferencia de todo restante da criação. Um poder outorgado por Aquele que botou o seu próprio fôlego em nós e nos diferenciou dos demais seres, com vontade própria para livremente escolher, o que, onde e como fazer o que se quer fazer. Ao que chamamos entre nós de "Livre-arbítrio".

Sim, esta qualidade nos torna semelhantes Àquele que nos fez a sua própria imagem. E além de nos tornar livres para decidir, o que, onde e como, fazer o que queremos fazer, traz consigo toda a responsabilidade por cada uma das nossas escolhas.

Eu enxergo nestas afirmações, toda a potencialidade que existe em nós para termos uma existência com qualidade e bem-estar. Isto me dá uma dimensão sem fronteiras para aqueles que decidem explorar suas próprias potencialidades. Mas é preciso querer, é necessário não temer o experimento do viver. É preciso não nos conformarmos com a mediocridade deste mundo.

Há mistérios escondidos em cada volta do relógio e em cada curva do tempo, há surpresas a serem experimentadas. Não está tudo "escrito" e a nossa história não está predeterminada pelo acaso. Acomodarmo-nos a isto é acreditarmos que aquele que nos desenhou com incrível capacidade de escolher, pregou-nos uma peça, uma pegadinha sem graça.

Sim, há muito mais que pão e circo para experimentarmos nesta vida. Breve vida, porém surpreendente e bela também.

Se decidirmos abdicar deste dom e apenas escolhermos viver a mediocridade do pão e circo teremos deixado de usufruir todas as possibilidades que o "livre-arbítrio" nos permite viver. Por isto é que precisamos considerar que esta existência não está decidida por nós, e que ela nos é permitida existir para experimentarmos o melhor desta terra. Assim é que todas as coisas que foram igualmente colocadas nesta existência, são para que os homens e as mulheres pudessem usufruir delas, desvendar seus encantos e descobrir os seus mistérios.

Sim, há mais que pão e circo nesta existência. Só é preciso escolher viver esta existência com amor e curiosidade. Não nos conformarmos com o óbvio, com o lugar comum. Não tomarmos pura e simplesmente a forma, o formato deste mundo sem objetivos, sem sonhos, sem esperança, sem a consciência de Deus. Conhecer também os nossos potenciais e neles acreditar. Desenvolver nossa autoestima desbravando a imensidão desta criatura fantástica que somos nós. Porque não fomos feitos à semelhança e imagem do Criador para apenas e tão somente nos contentarmos com pão e circo nesta existência. Eu não consigo crer que seja apenas isto, não consigo! Seria então um desperdício do Criador, um investimento sem retorno.

As dificuldades do caminho não são sempre obstáculos, mas sim desafios para estimular esta capacidade que temos para criar as alternativas de transpor cada um deles. Não é para nos conformarmos e estacionar diante deles e vertemos uma ou duas lágrimas de frustração. Se não acontecer o que sonhamos ou não conseguirmos o que acreditamos que merecemos ter, façamos então do que conseguimos ter algo para gostar de ter. E ainda assim,  nunca deixar de sonhar com o melhor desta terra e nos esforçarmos para alcançá-lo.

Se não temos o melhor emprego, o melhor marido e a melhor esposa, o melhor pai ou o melhor filho, o melhor amigo e amiga, a melhor sociedade ou o melhor país, sempre poderemos escolher outros para gostar, porém, não poderemos jamais escolher outro de nós mesmos nesta existência. Não podemos abandonar nossas consciências sem extinguir a fagulha do Criador que nos deu vida. Ele, por sua vez,  quer que vivamos uma vida abundante, uma existência estimulante e cheia de incríveis descobertas.

Sejamos menos críticos de tudo.  Menos  exigentes com nossos pares. Menos cobradores e menos expectadores da vida. Pois somos todos, todos nós, seres imperfeitos e há nesta imperfeição um vasto terreno para desvendarmos e segredos para serem revelados a nós por nós mesmos. Somos assim, grandes mistérios que precisamos desbravar para encontrarmos o melhor de nós para nós e para aqueles a quem amamos nesta existência. É preciso descobrirmos a partícula divina que reside em nós, e usa-la nesta única existência neste chão, nesta porção que nos coube vivenciar, que acredito ser muito, muito mais que somente pão e circo.

Somos livres para escolher a nossa própria comida e a nossa diversão!

Quero mais desta existência, você não?

"Ser livre é ter um caso de amor com a própria existência e desvendar seus mistérios". (AUGUSTO CURY)