Qualquer lugar que a gente vai nestes dias que antecedem
as festas de fim de ano, é só fila, né não?
É gente esbarrando na gente; fungando no nosso cangote;
atropelando a gente com carrinho de supermercado; xingando, resmungando,
criança chorando e mães desesperadas gritando aqui e acolá.
Gente aloprada entrando e saindo das lojas cheias de
pacotes, com olhos ansiosos olhando para a próxima vitrine e rodando nos dedos
o cartão de crédito, doidinhos para fazer dívidas a serem quitadas ao longo do
ano novo todinho.
Já sentiram essa atmosfera apocalíptica, hein?
Minha esposa e eu já entramos e saímos de lugares assim
sem comprar "nadica" de nada, pois é um "porre" ver e
perceber tanta angustia generalizada nas
pessoas.
Acostumados com isso tudo, hoje fomos surpreendidos,
quando na fila do supermercado. Uma velhinha de 80 anos, nos abordou na fila e
com sua voz animada, puxou assunto.
Ela disse que uma jovem a havia repreendido por estar
naquele tumulto das compras de final de ano, pois velhinha como era, devia
estar em casa, contou-nos ela.
Ela retrucou que "adorava" sair nestes dias
para ver gente, pois ela morava sozinha com uma cachorrinha, sua única
companhia.
Bom, se era tática para entabular uma conversa de fila de
supermercado, ela conseguiu, viu? (risos )
Em poucos minutos ela contou-nos um fragmento da sua
história e ficou em nós, a sensação de que ela encontrara um método eficiente
de aliviar sua "solidão natalina".
A fila andou e passamos pelo caixa. Ao olharmos para
trás, ela já entabulava conversa com a "próxima vítima", mostrando
suas comprinhas para sua cachorrinha.
Devem existir centenas, talvez milhares de corações
solitários como ela. Muitos por decisão própria, conveniência e personalidade,
mas quantos por abandono, ausência dos familiares?
Nesse período festivo do ano, em que estamos nos
preparando para os encontros de amigos, colegas e/ou familiares, é estranho o
tema da "solidão", né não?
Mas se Você tem
onde celebrar os motivos destas festas com casa cheia e farta comida, este tema
sequer arranhará o verniz do seu rol de preocupações. Vai não, né? Nem por isso
ele deixa de existir para muita gente.
Se a gente conseguir dar "migalhas" da nossa
atenção, e por generosidade e/ou compaixão, uma fração do nosso tempo para que
alguém, amigo, colega, parente ou mero desconhecido se sinta incluído nesta
atmosfera festiva, penso que já valeu.
O que você acha, hein?
Enquanto tá pensando... Olha aquela velhinha alí, ó!
BOAS FESTAS!
Posso não saber onde piso, mas conheço o CAMINHO para
chegar aonde quero; porque caminho NAQUELE que creio e não naquilo que vejo.
(Gerson Palazzo)
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