sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

SOLIDÃO NATALINA


Qualquer lugar que a gente vai nestes dias que antecedem as festas de fim de ano, é só fila, né não?

É gente esbarrando na gente; fungando no nosso cangote; atropelando a gente com carrinho de supermercado; xingando, resmungando, criança chorando e mães desesperadas gritando aqui e acolá.

Gente aloprada entrando e saindo das lojas cheias de pacotes, com olhos ansiosos olhando para a próxima vitrine e rodando nos dedos o cartão de crédito, doidinhos para fazer dívidas a serem quitadas ao longo do ano novo todinho.

Já sentiram essa atmosfera apocalíptica, hein?

Minha esposa e eu já entramos e saímos de lugares assim sem comprar "nadica" de nada, pois é um "porre" ver e perceber tanta angustia  generalizada nas pessoas.

Acostumados com isso tudo, hoje fomos surpreendidos, quando na fila do supermercado. Uma velhinha de 80 anos, nos abordou na fila e com sua voz animada, puxou assunto.

Ela disse que uma jovem a havia repreendido por estar naquele tumulto das compras de final de ano, pois velhinha como era, devia estar em casa, contou-nos ela.

Ela retrucou que "adorava" sair nestes dias para ver gente, pois ela morava sozinha com uma cachorrinha, sua única companhia.

Bom, se era tática para entabular uma conversa de fila de supermercado, ela conseguiu, viu? (risos )

Em poucos minutos ela contou-nos um fragmento da sua história e ficou em nós, a sensação de que ela encontrara um método eficiente de aliviar sua "solidão natalina".

A fila andou e passamos pelo caixa. Ao olharmos para trás, ela já entabulava conversa com a "próxima vítima", mostrando suas comprinhas para sua cachorrinha.

Devem existir centenas, talvez milhares de corações solitários como ela. Muitos por decisão própria, conveniência e personalidade, mas quantos por abandono, ausência dos familiares?

Nesse período festivo do ano, em que estamos nos preparando para os encontros de amigos, colegas e/ou familiares, é estranho o tema da "solidão", né não?

Mas se Você tem onde celebrar os motivos destas festas com casa cheia e farta comida, este tema sequer arranhará o verniz do seu rol de preocupações. Vai não, né? Nem por isso ele deixa de existir para muita gente.

Se a gente conseguir dar "migalhas" da nossa atenção, e por generosidade e/ou compaixão, uma fração do nosso tempo para que alguém, amigo, colega, parente ou mero desconhecido se sinta incluído nesta atmosfera festiva, penso que já valeu.

O que você acha, hein?

Enquanto tá pensando... Olha aquela velhinha alí, ó!

BOAS FESTAS!



Posso não saber onde piso, mas conheço o CAMINHO para chegar aonde quero; porque caminho NAQUELE que creio e não naquilo que vejo. (Gerson Palazzo)

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