sexta-feira, 12 de novembro de 2010

O MOTIVO DA MINHA ESPERANÇA


Alguém disse em algum momento, em algum lugar, que aquilo que não nos destrói nos fortalece.

Eu nem imagino em que circunstâncias esse pensamento foi registrado, mas ele faz muito sentido para boa parte da minha história, e creio que para muitas outras pessoas também.

Tem muita gente que não gosta sequer de lembrar partes ou trechos das suas memórias por não suportarem a dor que elas trazem de volta. No entanto, há outras que conseguem extrair dessas lembranças sofridas, o incentivo, a motivação para continuar caminhando com esperança.

Eu sou assim como esses!

Sabe, não há prazer algum nessa recordação voluntária, mas quando conscientemente busco essas lembranças no fundo do baú de minhas memórias, intencionalmente quero trazer de volta aquilo que me fez superar aquele momento tão difícil.

Uma dessas lembranças está aniversariando essa semana.

Há cinco anos atrás eu me encontrava debilitado, em cima de uma maca de hospital, sendo conduzido para um Centro Cirúrgico, tendo entre os meus pés, um container com dois órgãos extraídos de um cadáver, mantidos em conservação para implantação em meu próprio corpo.

Após uma longa e tenebrosa espera, fazendo três sessões de hemodiálise por semana na Santa Casa de Santos, fora chamado para fazer enfim, o meu transplante duplo de rim e pâncreas.

Apesar da equipe médica estar descrente de que eu pudesse suportar o rigor da cirurgia, devido minhas precárias condições físicas da época, era meu direito e vez na fila de transplantes.

Após os implantes que foram um sucesso, e apesar de uma rejeição severa promovida pelo meu organismo, que foi controlada a tempo, tive um longo processo de recuperação, permanecendo internado 43 dias no Hospital São Paulo.

A generosa e amável providência de Deus esteve comigo todo tempo, me estimulando a lutar contra o desânimo e prostração. A lembrança das fases anteriores, o descrédito dos médicos, as infecções hospitalares,as internações havidas, as amputações, a perda da visão, tudo vinha a minha mente dando assim conta de tudo que aquele momento seguinte representava. Havia passado por um dos momentos mais terríveis da minha vida, e estava novamente de pé, sobre minhas próprias pernas. Glória a Deus!

Em todo esse tempo manteve-se firme ao meu lado a minha esposa, minha querida companheira, minha "Anja" que não se desgrudou do leito e da visão da minha dor, e sofreu comigo tanto isolamento com uma bravura impressionante para alguém tão jovem.

Apesar ainda das lembranças serem de uma situação triste e sombria, sua recordação me dá a certeza do grande amor de Deus por mim. Ele atuou com misericórdia não deixando que a morte vencesse e me liberando Graça para que o meu coração se alegrasse sobre a tristeza.

Estou consciente de que a doença na verdade, apesar de contida e controlada, não é a cura definitiva. Vivo a cada dia como vivia anteriormente, debaixo do controle que Deus faz do tempo e da vida.

A medicina me deu sobrevida que hoje completa cinco anos, mas o Senhor da minha vida, me deu a Vida Eterna por Jesus Cristo, seu Filho.

Assim, nesse aniversário sem festa, eu apenas venho trazer a minha memória, aquilo que me dá novamente Esperança.

Sei que minha história, longe de ser especial pelos fatos, é contudo pelo reconhecimento de que os propósitos de Deus para cada um de seus escolhidos, não podem ser frustrados nem mesmo pela morte, e que se cumprirão um a um até que sua obra seja completa, consumada.

Há muitas pessoas hoje nas filas de espera do transplante. Muitas histórias que infelizmente, até pela estatística, não vão resistir a espera dos órgãos que lhes darão sobrevida.

São enormes as conspirações que agem contra, que distanciam o recurso, o doador do paciente. Problemas culturais da familia do potencial doador. Problemas com a estrutura para a captação e transporte dos órgãos para os centros de transplante. Remuneração das equipes e redes hospitalares equipadas para o procedimento. Há interesses conflitantes e lentidão nos processos que ainda fazem haver uma enorme perda de órgãos aptos para salvar muitas vidas. Mas para todos aqueles que aguardam a sua vez nessa longa fila de espera, uma certeza e alento: DEUS não muda e não tarda.

Mantenha a fé e alimente a com toda memória que possa te dar Esperança.

Creia mesmo que ainda que existam nuvens sombrias no céu, além delas o Sol permanece brilhando.

Jesus foi, é e sempre será o motivo da minha Esperança.

sábado, 6 de novembro de 2010

TOLERÂNCIA


São dias difíceis de serem vividos em plena paz.

Dias conturbados e estranhos.

As pessoas parecem mesmo estarem surtadas de valores, até mesmo aqueles óbvios demais que falam sobre o que acreditávamos até uma geração atrás.

O que está nos acontecendo, hein?

Ficamos mais tolerantes ou apenas não nos importamos mais?

Ouvi com muita insistência nesses últimos dias, que o "Brasil é um país tolerante," inserido em um contexto de propaganda política. E me espantei ao me dar conta de que não apenas somos tolerantes como coniventes com as coisas estranhas que vemos, assistimos e até praticamos. Você consegue perceber isso ou sou eu que estou ficando paranoico?

Mentir não é mais um defeito reprovável, mas um recurso estratégico em um jogo permanente de se levar vantagem em tudo sobre o outro.

Hipocrisia, igualmente, tornou-se uma maneira de justificarmos nossos malfeitos pelos erros praticados pela maioria e das quais desaprovamos nela.

Enfim, muito do que desaprovamos em público, nos permitimos praticar em oculto, e isso enfraquece nossas convicções e aumenta nossa tolerância com a prática da maldade que está posta no mundo.

Você consegue perceber isso?

Estamos ficando com nossas convicções fracas e nossos ideais frouxos demais, e por essa causa impera aquele que se ri do bem, e tripudia do bom.

Será que as virtudes do bem estão fora de moda, ou somos nós que de tanto ver o mau prevalecer, transigimos com ele e seus efeitos?

Hora de acordar, não acha não?

Pensemos nisso:

"O mundo é um lugar perigoso de se viver, não por causa daqueles que fazem o mal, mas sim por causa daqueles que observam e deixam o mal acontecer." (Albert Einstein)