Como todo garoto sonhador, eu também queria ser um astronauta para poder viajar entre as estrelas. A vida foi se encarregando de
pousar os meus pés no chão e de trazer os meus sonhos para níveis bem mais
modestos.
Com um pouco mais de tempo e pressão atmosférica sobre
nós, a realidade, as convenções, as acomodações, os obstáculos e alguns
acidentes de percurso, parecem ir nos consumindo grande parte da nossa
imaginação e vamos abandonando muito dos nossos sonhos antigos.
O céu vai ficando muito mais distante, estranho, com
muita nebulosidade. Nossas preocupações se ajustam ao padrão de agitação das
cidades e a sensibilidade das nossas percepções vai se deteriorando nas lidas
diárias; primeiro pelo pão e depois para acumular algum bem.
Quase sem nenhuma violência, nosso garoto sonhador vai
sendo arrancado para fora da gente e junto com ele, aquela capacidade
imaginativa, criativa que nos permita viajar entre as estrelas de olhos
fechados ou abertos.
O astronauta não sai mais do chão, e as estrelas ficam
para outra dimensão, outro tempo, para outro Céu e outra Terra.
Lá eu sei, passearei entre as estrelas do Céu de meu
DEUS, pisando com meus pés e segurando entre os dedos das mãos, os meus
próprios sonhos de criança.
Posso não saber onde piso, mas conheço o CAMINHO para
chegar aonde quero; porque caminho NAQUELE que creio e não naquilo que vejo.
(Gerson Palazzo)